quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Antes do pôr-do-sol

Eu tive a minha história. Fui Celine, ele, talvez Jesse. Mas tudo diferente. Porque é vida real. Eu brasileira, ele grego. Não na cidade que fui procurar, Viena, mas em Buenos Aires - onde fui para me encontrar.

E agora a Saudade e o Destino tomam uma Quilmes ao som de um bom tango - que é a música dela - ali no bar da esquina enquanto a Insônia me visita.

True story - VII

Mais tarde, via facebook:

Erotas is when you fall in love
And psixi is the soul


Há uma razão para tudo.

True story - VI

Eles falaram de Nietzsche, Sócrates, Eros e Psique. Beberam vinho. Dançaram tango na rua. Tomaram chuva. Ele fumou maconha numa rua deserta em San Telmo abraçado a ela. Ela contou segredos para ele. Ele falou em grego com ela. E ela não entendeu nada. Despiram-se. Dormiram.

Há uma razão para tudo.

True story - V

- Por que seus familiares foram para o Brasil?
- Ah, não sei. Faz muito tempo. Acho que para ter uma vida melhor.
- E você tem uma vida melhor?
- Tenho.

(as respostas foram tão rápidas que ela se assustou com as palavras que cuspiu. É, sua vida era boa).

Há uma razão para tudo.

True story - IV

Depois do beijo, ele segurou a mão dela. E assim foi até a hora de ir embora.

Há uma razão para tudo.

True story - III

- Sabe, os brasileiros gostam de bunda. Os americanos, de peito. E os gregos?
- De tudo.

Há uma razão para tudo.

True story - II

Ele precisava de ajuda para comprar uma passagem para Assunción. Ela, com um portunhol de quinta categoria, foi junto - ela não se convidou. A inglesa que iria ajudar queria ver a milonga em San Telmo e não daria tempo. Logo...lá foi ela de minissaia preta.

Eles andaram mais de uma hora. Perguntaram em mais de 10 guichês. Ele não comprou a passagem. Saíram da rodoviária. E o tempo que seria perdido foi brindado com fogos de artifício explodindo no céu de Buenos Aires. Sem motivo aparente.

- Eu fiz para você. Para seduzir você.
(ela ri. silêncio)
- Me diga se está funcionando?
(silêncio)
- Sim. Está.
(não que ele precisasse, porque ela já sabia que iria ficar com ele, mas sedução nunca é demais, certo?)
- Na minha terra, quando os fogos explodem e fazem "bum", é hora de beijar a moça.
- Na minha também.
(bum!)

Há uma razão para tudo.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

True story - I

Baseado em fatos e pessoas reais. Não há nenhum recurso de licença literária ou exagero, trust me.

Ela tem 30 anos. Casa própria, uma série de manias esquizóides, um trabalho que ama (apesar dos pesares) e um coração partido. Foi viajar porque ganhou a passagem de presente. Destino: Buenos Aires, de avião. Hospedagem: um hostel em San Telmo.

Ele, 24 anos (quase 25, segundo a apresentação) e não quer envelhecer, é estudante de arquitetura, leonino, disléxico, cipriota (mas com endereço "fixo" em Atenas, Grécia) e dirige uma moto prateada. Tem uma namorada que morreu porque era vítima de Chernobyl, outra que se matou, dois abortos no currículo, uma cicatriz no joelho, um luto no coração pela morte da mãe em um acidente de carro há dois anos, um avô que conheceu Fidel e Che porque era do partido comunista grego e um pau enorme. Começou a viagem pelo sul da Argentina para encontrar um amigo e, antes de ir à Assunção, no Paraguai, para as festas de fim de ano, parou sozinho em Buenos Aires, de ônibus. Hospedagem: um hostel em San Telmo.

Há uma razão para tudo.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

11 de dezembro

Há um ano minha casa estava revirada e uma criança pulava na minha cama.

Hoje minha cabeça está revirada.

Esse dezembro está parecendo setembro.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Arco-íris

Quando chove muito e faz sol, o céu se colore de repente, sem avisar. São sete cores para aliviar a dor. Quando ela era pequena, leu num livro a história de um menino que virou menina e de uma menina que virou menino após passar por baixo de um arco-íris.
Depois teve aula de Física e explicaram para ela como aquelas listras se formavam. Ela não lembra mais a razão.
Tem um música também que fala disso...em inglês...Rainbow. Arco de chuva. É bonito pensar que aquela água toda, tão instável (às vezes despenca com toda força do mundo, às vezes é leve e só salpica a pele), pode ser um arco colorido de tons suaves. Tão forte e tão delicada.
São raros os arco-íris nas cidades. Quando aparecem, dizem que é bom fazer um pedido.
Nesse dia de chuva que parou São Paulo não há nenhum na minha janela. Mas eu queria que tivesse...Eu tenho um pedido:

"Queria que tudo fosse muito simples. Que eu gostasse de você e você de mim. Que eu pudesse encostar minha cabeça no seu peito (parece música do Lulu Santos...) e que o tempo passasse bem devagar. Sem dia seguinte. Sem gente que volta, sem gente que parte. E pronto". Eu seria feliz. Bem simples assim.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Vaidade

É a vaidade que move o mundo. Não é o amor. Não é o querer bem. É só vaidade.

"Foi bom como nunca tinha sido"

E você não faz nada por que...

A) Você é um idiota
B) Você é covarde
C) Você é sádico
D) Você é vaidoso
E) Todas as alternativas anteriores?

domingo, 6 de dezembro de 2009

Guess what?

Nada mudou por aqui. Então, na real, ficar ou não ficar também não faz diferença. E fui embora porque não sou palhaça. Acho que foi por isso. No fundo.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

via gmail

ele: alô
por favor a maira?
eu: a maíra está temporariamente fora de serviço
mas tem uma louca respondendo por ela
serve?
ele: to percebendo q ela entrou em pane, né?!
tipo
precisa de um recall

porque sim - parte II

Como consegue viver um libriano ou um geminiano? Estou há 24h em conflito e já quero morrer.

Às oito da manhã, parecia muito sensato ir para casa. Doze horas depois, só parecia estupidez (minha). Pela manhã, achei que não era realmente desejada. Achei que ficar ali era forçar barra, mendigar carinho. Achei que precisava ficar longe.

E a sede que sinto hoje deve ser desidratação de tudo que chorei ontem.

Fui embora porque você não é simples para mim. Desculpe. Eu queria que fosse.

domingo, 29 de novembro de 2009

porque sim

vai em texto porque, na verdade, sou muda

Eu quero seu sexo a cada minuto. Sempre quis. E só eu sei o esforço que faço desde a chuva de outubro, quando me disse que não vai ficar comigo para não me magoar - mais? -, para não esperar por uma madrugada em que minha campainha toque.
Beijei outras bocas, misturei meu corpo com outros em noites perdidas e sujas. Mas não adianta. É quando a champagne estoura e a música toca e você aparece no meio da multidão que me perco. Um toque e meu corpo é seu. Sem controle. Sou sua. A sala esvazia e só estamos nós dois. O problema é que é só hoje, né? Não vou poder me esparramar por você em outras voltas a mais que você dá pelos quarteirões de Higienópolis enquanto acaba um cigarro. Não vou poder te morder depois de um jantar. Não vou poder sentir você procurando na minha nuca um cheiro que diz que só eu tenho. E é tão difícil. Por isso fui embora. Porque estou me esforçando de verdade para não te querer e para não misturar tudo. E agora eu não posso mais esperar. Eu tenho que encontrar um espaço em mim para outro. Porque eu não quero ser uma mulher que enterra seus mortos sozinha. Quero um amor de verdade e todo o dia. Foi só por isso que fugi. Porque te amo mais do que cabe em mim. E você não quer.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Fim

Não é a morte que me assusta. É a solidão.

De todo o meu coração....

eu tenho as melhores amigas do mundo. E posso dizer isso em três sílabas: rê, li, dri (não necessariamente nessa ordem).

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sorrisos de areia

Ela rezou novenas intermináveis para que a chuva parasse de molhar seu rosto com o pranto das mal amadas. Ela pediu para que fosse sem procurar. Que fosse por acaso. Pediu para ser solar como o dono dos olhos verdes que morreu num verão em 2006. Implorou para que gostassem dela sem que ela precisasse trocar a cor do esmalte. Pediu.

E ele se abre em sorrisos sob o sol da Baixada Santista. Sob o mesmo céu amarelado da adolescência dela. Da época em que as cicatrizes não existiam. Ele sorri para ela e diz que está feliz em vê-la. Ela sorri de volta. Tranquila. O verão começou.

(ela quase vomita de medo. Mas tudo bem. É só respirar fundo que passa).

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Gal cantou nos meus ouvidos, o sol queimou minha pele

"Proibiram que eu te amasse
Proibiram que eu te visse
Proibiram que eu saísse
E perguntasse a alguém por ti
Proibam muito mais
Preguem avisos
Fechem portas
Ponham guisos
Nosso amor perguntará
E daí, e daí
Daí por mais cruel perseguição
Eu continuo a te adorar
Ninguém pode parar meu coração
Que é teu"

Como diria um argentino em Praga: ai que mierda!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Palavras

Algumas frases a acertam como uma bala de um filme do Tarantino. Bem no meio da testa. Para o sangue jorrar pela sala.

Difícil é ser especial quando se precisa ser normal. Difícil é alguém dizer que correu para falar com você, quando você quer esquecer. Mais difícil ainda é saber (em segredo) que a homenageada ... é você.

O bêbado e a equilibrista

(sonhei com essa música essa noite. Não haveria título melhor)

Ela não chorava há três dias. Setenta e duas lindas horas em que pensou que os tais "dias melhores" tivessem chegado. Errou.

Ela tem um homem que lhe diz que é linda. Um desses que tanto elogiam que dá até medo, mas que fazem do verão a melhor estação do ano. Tem um outro que lhe diz sacanagem via sms. Ela gosta. Mas não adianta. É o homem azul que ela quer. E ele esnoba - ou nem tanto. Provoca até, mas pra quê?

Ela se repete: melhor se não visse, melhor se não falasse, melhor se o não querer fosse realmente não querer. Não é. E ela desmancha. Feito tristeza - que ele mede e diz que não é grande. Errado.

Além dos dez centímetros do salto, ela equilibra o desejo e o não desejo dentro dela - e o dele. Equilibra as lágrimas para que elas não escorram pelo rosto borrando o rímel - e falha. Equilibra a sanidade. E ele bebe um copo de vodca.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Tango

Eu, primavera, ouvi um tango na voz de Marisa Monte. Quase rezei por dias melhores. E calei.

Você, outono....

Eu e os sádicos

"...Outra explicação me foi dada por um amigo, anos atrás. Como ele não parava de descasar e casar-se com mulheres diferentes ou, mais de uma vez, com a mesma, ele me disse, para se justificar: 'não sou 'sádico'. Como assim? Pois bem, ele achava que recusar o casamento ao outro de quem gostamos (e que gosta de nós) só pode ser uma maneira de torturá-lo com uma privação: 'amo você, mas há algo que nunca lhe darei'." Folha de S.Paulo, Contardo Calligaris, quinta-feira, 22 de outubro.

Por ora, só conheci os sádicos. Todos me torturaram e sugaram até que meu corpo ficasse três (desta vez) ou seis (daquela outra) quilos mais leve. Enquanto isso a alma pesa. Mas até isso eles resolveram interceder: o último carrasco decretou o tamanho da minha tristeza - como se pudesse medi-la enquanto afaga o corpo de outra.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Perdida num domingo à tarde

I don't wanna talk
About the things we've gone through
Though it's hurting me
Now it's history
I've played all my cards
And that's what you've done too
Nothing more to say
No more ace to play
The winner takes it all
The loser standing small
Beside the victory
That's a destiny
I was in your arms
Thinking I belonged there
I figured it made sense
Building me a fence
Building me a home
Thinking I'd be strong there
But I was a fool
Playing by the rules
The gods may throw a dice
Their minds as cold as ice
And someone way down here
Loses someone dear
The winner takes it all.
The loser has to fall
It's simple and it's plain.
Why should I complain.
But tell me does she kiss
Like I used to kiss you?
Does it feel the same
When she calls your name?
Somewhere deep inside
You must know I miss you
But what can I say
Rules must be obeyed
The judges will decide
The likes of me abide
Spectators of the show
Always staying low
The game is on again
A lover or a friend
A big thing or a small
The winner takes it all
I don't wanna talk
If it makes you feel sad
And I understand
You've come to shake my hand
I apologize
If it makes you feel bad
Seeing me so tense
No self-confidence
But you see
The winner takes it all
The winner takes it all...
The game is on again
A lover or a friend
A big thing or a small
The winner takes it all
Someone dear...Takes it all...The loser ...Has to fall...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Mais um 07 de outubro

Me mantive bem ocupada. Assim não precisava pensar. Em cada silêncio, havia uma tristeza. Melhor ficar no barulho.

Evitei um turbilhão de lágrimas, juntei um trilhão de cacos. Não era novidade. Mas ouvir em voz alta é pedir para os ecos reverberarem durante toda uma vida na minha alma.

...

Já tive outubros melhores. E imprevisíveis. Agora já sei o final na história.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Ela não resiste

Ao jeito que ele fecha os olhos quando a está desafiando (e rindo) e ao ângulo em que deixa os dedos pendentes enquanto fuma um cigarro.

Ele

Diz que me ama.

Mas não me quer.

(Às vezes quer).

...

Isso NÃO FAZ NENHUM SENTIDO.

(silêncio)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Dela que agora carrega um bebê de olhos cinza

-Tem que esperar. Vai fazer o quê...Espera.

Ok. Um dia vai passar, não?

Just breathe

Yes I understand that every life must end, aw huh,..
As we sit alone, I know someday we must go, aw huh,..
I’m a lucky man to count on both hands
The ones I love,..

Some folks just have one,
Others they got none, aw huh,..

Stay with me,..
Let’s just breathe.

Practiced are my sins,
Never gonna let me win, aw huh,..
Under everything, just another human being, aw huh,..
Yeh, I don’t wanna hurt, there’s so much in this world
To make me bleed.

Stay with me,..
You’re all I see.

Did I say that I need you?
Did I say that I want you?
Oh, if I didn’t now I’m a fool you see,..
No one knows this more than me.
As I come clean.

I wonder everyday
as I look upon your face, aw huh,..
Everything you gave
And nothing you would take, aw huh,..
Nothing you would take,..
Everything you gave.

Did I say that I need you?
Oh, Did I say that I want you?
Oh, if I didn’t now I’m a fool you see,..
No one know this more than me.
As I come clean.

Nothing you would take,..
everything you gave.
Hold me till I die,..
Meet you on the other side.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

...

Não. Na história dela não há culpados. Nem vilões. Não há nada errado. Só descompasso. Ela quer dançar Somewhere over the rainbow em um final feliz. Para ele, é um triste fim.

É por muito pouco que se quebra o copo. É por muito pouco que se escorre o sangue.

Ela amou cada bebedeira, cada risada, cada email bobo, cada cigarro, cada café, cada drama, cada filme, cada gole, cada suspiro do Leonard Cohen, cada beijo, cada traço das tatuagens dele, cada piercing colocado e retirado, cada despedida, cada chegada, cada mecha branca, cada lembrança, cada alta - e queda - da bolsa, cada brincadeira de criança, cada sonho dividido, cada música de Roberto, cada curva da estrada. Amou sem querer nada em troca. Amou, verbo intransitivo.

Mas, tal como um filme que ela viu ano passado, não há explicação. Por que algumas pessoas gostam de umas e não gostam das outras? Ou, se gostam, por que não gostam igual? E nem precisa ser igual, igual. Só um pouquinho igual...Não pode não? Não.

Ela se retira. Não sem amor, não sem querer que fosse diferente. Mas se retira. Porque precisa. E espera que ele entenda.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Two confessions a little bit disgusting

1) Ela queria abraçar toda a areia da cidade em que nasceu.
Só para sentir o gelado na pele na primeira noite de verão.

2) Ela queria beijar o chão da Times Square.
É tudo tão exagerado, que só pode ser amor.

She feels so good now.

sábado, 12 de setembro de 2009

A cidade (e ela) que não dorme

Ela está cansada. Mas tão feliz que nem sente.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

O que o fotógrafo me ensinou




Ele tinha 30 anos quando foi embora. Para a cidade da mulher pássaro ali ao lado. Onde é possível voar olhando o Chrysler.

Aqui jaz 22.02.1999 - 07.09.2009.

Ela morreu muitas vezes nos últimos dez anos. Mas desta vez, quando escolheu o vestido preto para sair de casa, ela soube: quem morreu foi você.

Mas fica tranquilo. Dizem que enterro em dia de chuva significa que o morto vai para o céu.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Previsões

With Uranus opposed to this same new moon of September 18, you may tear away from a romantic relationship, or you may decide (or be forced) to make a change your career, or to move across country or make any other dramatic changes in the light of what you learn this month. This is the month you will need to stop keeping up appearances and simply let go of things that are not working anymore.

You may do this because you feel upset, hurt, or angered by what was done to you. Or, it may be that you have held on, hoping against hope that things would change. You seem to know it will soon be time to make a complete change. If so, peace exists on the other side of the bridge you will walk over, dear Virgo. You will make it safely to the other side.

The new moon in Virgo, September 18, will be your chance to finally speak your mind. You will be getting ready to make changes and course corrections that are massive and sweeping in scope. Implement those in October. You may soon leave one debilitating condition or relationship forever. View this period as the start of a whole new chapter that you'll begin to write now.

Maratona

Ela corre em círculos há dez anos. Repeat, repeat, repeat.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Rápidas de hoje

Entrei no elevador e um cara estava cantando Amor Perfeito. Só pode ser um sinal.

Diálogo:
-Não sabia que vocês tinham ido comemorar os 20 anos de casado.
-É, pois é. Casei, né? Mas não trepo. (Silêncio). É, casei.

Estava um calor da porra. Deixei a janela aberta para a casa "ventilar". E choveu. Tô fudida!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Corda

Ela está presa por um fio fino. E se segura como se sem ele a vida não existisse. Quando o fio vira corda, seus dedos tocam com medo de encontrar só um fiapo. De ser um engano. Ela tem medo de se agarrar com força e cair de cara no chão.

Chuva de flor

Ela acordou às 6h. Sem motivo. Bebeu devagar uma xícara de café amargo. Ouviu dentro da sua cabeça dois ou três versos de duas ou três músicas misturadas.

(Os botões da blusa que você usava. E meio confusa desabotoava. Iam pouco a pouco me deixando ver. No meio de tudo. Um pouco de você. Me esqueci. De tentar te esquecer. Resolvi! Te querer, por querer.Eu não vou saber me acostumar, sem suas mãos para me acalmar. É preciso saber viver....)

Uma borboleta bateu as asas em algum lugar distante. Uma flor roxa caiu em cima dela como um aviso. Ela foi atropelada por um caminhão e apagou a noite com um beijo na rua.

Fim.

O amor nos tempos do cólera

Ela pensa, enganada, que pode viver de literatura.

Erro.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Saber o que já se sabe é pior do que saber o que não se sabe

Quando aquele que nunca se expõe começa a falar, sinto medo. Li cinco parágrafos de um português bem escrito e em código e senti um calafrio tão gelado na espinha que me lembrei de um outubro distante. Um outubro cinza em meio a um mundo novo, sem torres nem esperanças. Um outubro em que morri num sétimo andar e meio.
Fiquei enjoada. O cookie revirou no meu estômago. Fiquei branca e com as mãos frias. Ninguém viu. Mas eu quis sair correndo de mim mesma.
Quem nunca fala, deveria permanecer em silêncio.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Quando outro blog me inspira...é isso que sai:


Era um sábado de sol que, no entanto, amanhecera cinza. Ela, agora loira, acordou muito cedo para um compromisso inadiável: uma amiga de infância daria à luz. 6h20: Pro Matre, ali, perto da avenida de tantas histórias e passados. A criança nasceu saudável e linda. Todas as amigas que foram convocadas para assistir ao parto se perderam em meio ao pranto e abraços e lembranças de uma adolescência que não voltará - pelo menos para elas. Estavam todos felizes.
No caminho de volta para casa, já sob o sol do meio-dia, ela decidiu caminhar. Paulista, um pedaço da Bela Cintra, Matias Aires, Angélica, Itacolomi...sabe-se lá o motivo que a levou pelo caminho mais longo. Não havia sequer um pensamento ruim que viesse a mente. Nenhuma tristeza. Nenhum plano de vingança. Só a imagem daquela criança nascendo. Quase um sopro de esperança em meio ao caos. Mas, falando no caos, eis que ao olhar para o lado ela percebe que também não havia uma esquina ou uma marquise que não abrigasse um sujeito maltrapilho, bêbado, sujo e fedido. Desses que se reproduzem apenas por instinto. Triste. Foi como se eles estivessem lá como um aviso, um lembrete de que a vida não está aí à toa. Quase como um grito de "enjoy". Era um sábado especial, sem dúvida. Mas só para alguns.

sábado, 8 de agosto de 2009

E um rei nasceu num belo dia de sol em São Paulo

Eu vi o menino correndo, eu vi o tempo
Brincando ao redor do caminho daquele menino
Eu pus os meus pés no riacho
E acho que nunca os tirei
O sol ainda brilha na estrada
E eu nunca passei.
Eu vi a mulher preparando outra pessoa
O tempo parou pra eu olhar para aquela barriga
A vida é amiga da arte
É a parte que o sol me ensinou
O sol que atravessa essa estrada que nunca passou.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Passaporte

Other cities always make me mad
Other places always make me sad
No other city ever made me glad
Except New York
I love New York
I love New York
I love New York

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Corra, loira, corra

Ela tem muitas coisas para escrever agora. A cabeça gira pensando em Jesse, em Viena, em Amélie, em Paris, e em Lola, em Berlim.

Mas o que conforta mesmo é saber que ela tem aqui um amor de Roberto e Vanderléia.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Foi...

...a solidão que engoliu e esfarelou o Michael Jackson.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O bom da vida

Um vai, outro vem!
Cheers!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

I know...

She might make you breakfast
And love you in the shower
The feel is momentary
'Couse she don't have what's ours

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A dor do luto

Eu não entendo. Por mais força que faça, não sei o que é que me faz transbordar em lágrimas quando choro por alguém que morreu. Não é que dói como dói o coração partido. Não é saudades. Não é impotência por não ter impedido a morte de alguém. É só choro.
Derramo-me diante de uma foto, a lágrima reflete e brilha na moeda que a criança ganha da velha de touca. O tecido sob a mulher nua esparramada é tão derramado quanto meu pranto. E o pé torto da modelo que veste Chanel posa tal qual meus pensamentos. Que escorre pelo meu rosto por Higienópolis.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Tum!

A porta bateu na cara dela. Mas, tão de leve, que ela poderia jurar que só estava encostada. Como das outras vezes. Ela tentou identificar algum movimento embaixo da porta. Tentou ver se sombras se movimentavam lá dentro. Não viu nada.
Como das outras vezes, poderia sentar ali e esperar até que ele abrisse a porta novamente. Ela, mesmo cansada, mesmo triste, faria cara de que acabara de chegar e olharia sorrindo para ele. Ela achava que não havia nenhuma outra saída, senão esperar que a porta se abrisse novamente. Mas, sabe-se lá por que, ela resolveu virar de costas. Com medo. Vá que ele a procurasse pelo olho mágico (de costas, ela não teria como saber)?
Surpresa, viu que tinha uma placa acesa com a palavra Saída escrita em vermelho. Ela precisaria seguir a seta até o fim para descobrir onde iria dar. Seria outra entrada para aquele corpo fechado? Ou seria a entrada de outro corpo? Haveria outro corpo? Ela não sabe. E se a porta corta fogo batesse com o vento e ela nunca mais conseguisse voltar para aquele andar? Voltar para esperar aquela porta se abrir...E se a porta jamais se abrisse novamente?
Ela deu o primeiro passo. Depois o segundo. O terceiro...e parecia tudo mais fácil. Mais leve. Ela foi andando e, quando chegou do lado de fora, viu o céu azul gritando tão alto, que até esqueceu o motivo de tanto tempo esperando. O amor, fechado e perdido num andar cinza, não percebeu ainda. Mas ela não vai voltar mais.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

O menino do Ipiranga

Ele ficou parado lá. Nem feio, nem bonito. Talvez bonitinho, mas com a roupa errada: calça bege de péssimo corte, suéter liso com decote em V e sem graça, uma camiseta de gola careca por baixo e sapato preto. Com uma camisa xadrez, um All Star, uma dose de vodca e tocando baixo, ela pegava. Se fizesse cafuné, ela apaixonava. Então, era bonito. Mas foi o fone pendurado no pescoço que chamou a atenção dela. O que ouviria o menino do Ipiranga? Durante uma hora naquele trânsito da rua Augusta, ela ficou escutando a conversa dele. Devia ter uma vida tranquila aquele menino. Trabalhava, pegava ônibus, chegava em casa, tomava banho e jantava. Devia morar com pai, mãe, irmã, irmão e um cachorro labrador. Fêmea, talvez. Também devia ter uma namorada (ou noiva) nutricionista - alguém que se veste de branco no dia a dia e, por ser levada pela brisa da vida, também iria entrar de branco numa igreja. O menino do Ipiranga, que tem aquele tipo de olho que fica verde quando faz Sol, devia estar feliz com a vitória do Corinthians no campeonato paulista. E pronto. Vivia bem ele, ela concluiu.
Tão distantes esses mundos dos trovões que explodem dentro do peito dela e do outono no Ipiranga, que ela quase não foi embora. Quase ficou ali. Quase acreditou na tranquilidade. Aí, o telefone tocou e ela atendeu feliz. Era a tempestade a que ela está acostumada. E foram tomar café coado nas nuvens e misturado com relâmpagos. Bem distante do Ipiranga.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

As minhas, as suas e as curvas da estrada (e da vida)

Se você pretende saber quem eu sou
Eu posso lhe dizer
Entre no meu carro na estrada de Santos
E você vai me conhecer
Você vai pensar que eu não gosto nem mesmo de mim
E que na minha idade só a velocidade
Anda junto a mim
Só ando sozinho
E no meu caminho o tempo é cada vez menor
Preciso de ajuda
Por favor me acuda
Eu vivo muito só
Se acaso numa curva eu me lembro do meu mundo
Eu piso mais fundo
Corrijo num segundo
Não posso parar
Eu prefiro as curvas da estrada de Santos
Onde eu tento esquecer
Um amor que eu tive
E vi pelo espelho na distância se perder
Mas se o amor que eu perdi eu novamente encontrar
As curvas se acabam
E na estrada de Santos não vou mais passar
Não, não vou mais passar

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O fotógrafo

Um dia ele me deu um livro com um desenho de giz. E disse que eu era a menina que fez a lua descer. Hoje, ele se apagou. Fechou para sempre os olhos tristes iguais aos de meu pai.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Asteróide B612

Quanto custa a passagem para a estrela Gliese 581? É para lá que quero ir.

terça-feira, 21 de abril de 2009

o ar que falta

O telefone toca e eu sou só silêncio. E sufocamento.

feriado, nublado em SP

É no fim do dia que a flor que comprei perfuma a casa. E Eddie canta:

To the ocean of my platitudes
Longitudes, latitudes, it's so absurd
I just need someone to be there for...
I just want someone to be there for...
Someone to be there for...
'Cause I'll stop trying to make a difference
I'm not trying to make a difference
I'll stop trying to make a difference
No way
Ooh, let's call in an angel

domingo, 19 de abril de 2009

Ah...

...e o São Paulo perdeu.

A menina de vidro morre (outra vez)

A menina de vidro já caiu tantas vezes que pensa que não se parte mais. Ela brinca de pular de galho em galho. Escorrega, às vezes cai, mas a folhagem segura e ela pensa - enganada - que é ela que não quebra. Mas a verdade é que os cacos são tão pequenos que ela, quando quebra, vira uma estátua de açúcar. Cristais pequeninos de tão juntos. Fica ali, com cara de nada. Só ouvindo o que Ele fala e vendo a vida passar. A vida, sabe, corre apressada e de bunda dura.
Aí, a menina de vidro desafiou o Destino que há tempos não via. "Eu vou lá e vai ficar tudo bem. Você, seu Destino, não sabe de nada. Ele é igual ao senhor, gosta da gente sem explicar como e às vezes fazendo mal, mas diz que gosta e eu, que sou de vidro, acredito sempre". A menina se arrumou e, do alto do 11° andar, se atirou. Esfarelou-se no chão quente do asfalto do outono. Por cima, passou, desta vez, a moça de beiço vermelho, a que tem nome de personagem mitológico, a filha do milionário. E Ele também. Rindo dela. Em cacos. De novo. Repeat, repeat, repeat.
Sobre o farelo que ficou a menina de vidro, Ele dança com as bacantes até o dia clarear. E rindo do pó que virou a menina.
Ela, quando a orgia acaba (a deles, não a dela), respira fundo e junta os cacos. De novo. Volta para o andar azul. E conversa com Edward Louis Severson III que sussura rouco: I take a walk outside. I'm surrounded by some kids at play I can feel their laughter, so why do I sear. Oh, and twisted thoughts that spin round my head. I'm spinning, oh, I'm spinning. How quick the sun can, drop away. And now my bitter hands cradle broken glass. Of what was everything. All the pictures have all been washed in black, tattooed everything...All the love gone bad turned my world to black. Tattooed all I see, all that I am, all I will be...yeah...I know someday you'll have a beautiful life, I know you'll be a star. In somebody else's sky, but why, why, why. Can't it be, can't it be mine.

A menina de vidro quer vomitar. Mas vai só dormir. Amanhã estará tudo bem. Repeat, repeat, repeat.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

O outono não me pega mais

O sol gelado das terças-feiras, o vento da noite, o cheiro seco e a fome no fim da tarde me lembram chá de maçã e encontros escondidos ou um cappuccino numa xícara marrom e um prédio delta. Lembram um tempo de possibilidades. Um tempo de céu azul de Trident verde. Ao contrário do que os astrofísicos me dizem, os dias, para mim, são mais longos no outono. Longos e languidos. Cheios de reminiscências.
A chuva faz o vento entrar nervoso na minha casa. Lembro das sensações que quero de volta. Uma tarde no parque. Um café corrido na Paulista. Um cinema mofado. Uma história que se passa do outro lado do Atlântico. O cheiro ácido do seu pescoço no fim do dia. Um Alpino nas suas mãos. Uma vontade. Uma esperança. Um sonho.
A tranquilidade vigente encontra a lágrima guardada sob o brilho do olhar. E ela conta o tempo. Tic-tac, tic-tac. O outono de hoje não é o de 1999, nem de 2001. O tempo passa. E eu já estou com quase 30. Mas o outono não me entristece mais.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Pessach

Há de se respeitar um povo que optou em carregar suas próprias pedras no deserto em vez de aceitar passivamente o pão do opressor.

Eu, que me fortaleço-e-me-escondo atrás desse muro de rochas, não lamento. E sigo. Afinal, um passo para frente, é sempre para frente. Com pedras ou não pelo caminho.

terça-feira, 31 de março de 2009

Janela

Da minha cadeira do trabalho eu vejo as antenas da Paulista. São coloridas. E me abençoam diariamente.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Cuidado com o que desejas...

Eu uma vez rezei muito para uma garota sumir da minha vida. Fiquei sabendo que ela teve câncer e fez quimioterapia - e ela não só já tinha sumido da minha vida, como da dele também. Fiquei culpada.

Então, na próxima vez que eu desejar o desaparecimento de alguém, é brincadeira, tá?

Luana, libriana com ascendente em câncer

Contos de Fadas para a Criança Sabedoria - VI

Ela não aprendeu a contar até 10 quando criança. A primeira lição foi até 12. Começava com áries e terminava em peixes. Ela também só aprendeu a colorir o céu com a constelação de sagitário em destaque. Sabia todas as características invisíveis ao olho nu. A perfeição de uma, a teimosia, de outra. Se falava muito, era gêmeos. Se era calada, capricórnio. Na escola, era amiga de uma menina de touro. Apaixonada por um garoto de escorpião e inimiga de uma leonina. Quando adolescente, ficava horas fazendo a sinastria de sua paixonite da vez - cada semana era um diferente - quase arrancava com cabelos quando a casa 4 nos mapas eram incompatíveis.

Aos poucos, Luana, libriana com ascendente em câncer, ficou perita em identificar cada signo. Não esperava a pessoa dizer o nome e já desembestava a tecer comentários sobre seus traços de personalidade mais íntimos. Acertava muito. Magoava muito também. E não percebia. Errava ao limitar cada um que vivia ao seu lado a três ou quatro adjetivos. Mas nem ligava. Achava que estava certa e que as respostas estavam todas lá, nos astros. Esqueceu que, em dias de Sol, não eram só os aquarianos que queriam ir tomar sorvete ou sentir o caldo da melancia escorrer pelos braços. Todos iam. E que quando chovia, até a virginiana workaholic queria um cobertor e fazia brigadeiro. Com as desculpas astrológicas, se afastou do que julgava ser imperfeição dos outros.

Luana foi ficando sozinha, sem perceber. Dizia que eram os astros. Uma volta de Saturno, talvez. E, sem notar, foi perdendo a visão. Já não enxergava os sorrisos de quem estava feliz numa segunda-feira ensolarada. Também não via as lágrimas de quem perdia um grande amor. Nem o olhar languido da saudade. Não via casais de mãos dadas pelas ruas, nem o provocar dos quadris de uma mulher na pista de dança. Não via as crianças fantasiadas saindo sujinhas da escolha, nem os corpos malhando na academia. Não via quem ainda olhava para ela e nem quem fugia de seus comentários.

Um dia, Luana, libriana com ascendente em câncer, foi mexer numa madeira no jardim de casa e não viu quando um escorpião, o bicho, não o signo, se armou para dar uma ferroada em sua mão. O veneno se espalhou tão rápido que ela nem conseguiu gritar para seu pai que não acreditava em signos. Voltou os olhos cegos para o firmamento, mas como nada via, morreu sem nem poder olhar pela última vez o brilho das estrelas que ela deu tanto poder.

Obrigada Manhattan

Há quem faça o caminho de Santiago de Compostela ou suba a ladeira com o Ileyaê ou se mude para Trancoso ou estude a Cabala ou, ainda, quem se perca em si mesmo.

Eu fui para Nova York. E tudo está bem há quase nove meses.

Um bom domingo

Ele: Você está parecendo o Eddie Vedder com essa camisa xadrez.
Ela: Vou considerar isso como elogio. Porque é mesmo.

Ele: Eu gosto de comer você.
Ela: Por que?
Ele: Fisicamente ou intelectualmente?
(ela se dá por satisfeita e sorri. São pelos mesmos motivos que ela dá para ele. Há anos)

segunda-feira, 23 de março de 2009

Antes do amanhecer


Ei, Jesse, tô indo. Me espera porque será verão - e eu agora sou loira, né?


segunda-feira, 16 de março de 2009

Enterro

Ela não dormiu. Viu a chuva cair com cheiro de mar por duas vezes. Viu os pingos em prata molharem o solo. E não dormiu. Os pensamentos chegavam. Teria que encaixotar os livros. Doaria metade. Do guarda-roupa, nada aproveitaria. Aquele vulto de gente não usava peças que a agradavam. Nem ela a agradava. Desde cedo, ela sabia. Não gostava dela. No coração vazio, não sentia remorso. Só alívio. Agora, seria orfã de verdade. Não precisava mentir ou desconversar quando outros amigos falavam de suas famílias e suas festas e suas comidas preferidas. Quanto seria o seguro de vida? Fez uns cálculos rápidos. Não seria muito. Talvez, desse para comprar um notebook novo. Ou uma passagem aérea. Talvez. O fato era que tudo que aquele velho vulto acumulara em vida, ela já tinha conseguido em um terço de existência - e o destino já tinha até tratado de tirar dela para que ela conquistasse tudo de novo. C'est le tourbillon de la vie.
O mais complicado seria providenciar caixão, cova etc. Ela não entendia nada disso. Ia ligar para a tia por volta das 10h. Ou assim que a polícia encontrasse o corpo. Ela estava sem nenhuma peça preta na sacola. E teria que faltar no trabalho na segunda-feira. Ficou de mau humor. Tinha muito que fazer. Mas tudo bem. Não teria mais que emprestar dinheiro a ninguém.
Aos poucos o sol foi clareando o céu. As mãos de tanto apoiar no metal da janela ficaram vermelhas. Ela decidiu ir embora - mesmo que metaforicamente. Fechou os olhos - e a porta - e foi. Agora, aos quase trinta, só carregava um sobrenome por conveniência. Era finalmente livre, sem compromissos ou culpa pela solidão alheia. Porque já não pertencia a nada. Nem aos remorsos familiares.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Diálogos entre alunos do Mackenzie

Quando a gente fica mais velha, dispensa algumas explicações sobre o óbvio. Exemplo:
Ontem, atravessando a rua Maria Antonia, um menino de uns 20 e poucos estava falando, falando, falando...E, ao lado, uma menina, nitidamente uma bixete, ria. Era assim:

ele: bláblábláblá
ela: ãnrhã, ãnrhã, ãnrhê
ele: bláblábláblá
ela: ãnrhã, ãnrhã, ãnrhê
ele: bláblábláblá
ela: ãnrhã, ãnrhã, ãnrhê

Bom, no terceiro "ãnrhã, ãnrhã, ãnrhê" que ouvi dela, só queria fazer uma coisa: parar o casalzinho e avisar ao futuro publicitário (ele deixou isso bem claro nos 15 segundos de monólogo que ouvi) que, sim, ela quer dar para ele. Tão simples, pra quê tanta conversa? Vai lá e para de falar!!!!!!!

terça-feira, 10 de março de 2009

hum...preciso falar para alguém alguma coisa...

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

Ai, cansei. Só isso.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Carta para a menina Sofia

Queridinha da titia, vamos fazer 10 anos logo? Assim, posso te ligar às 23h15 para conversar sobre o jogo do time que a gente nem torce, mas que foi a estreia do Ronaldo e - melhor - até aquele Denilson da amiga da mamãe e da titia para a qual xiuuuu é uma palavra estava jogando. Só faltou a dona Aurora.

É, Sofia, titia quer saber por que aquele Douglas não passou a bola para o gorducho. E falar sobre todos os passes, todos os lances, todas as gorduras localizadas do Ronaldo e todos os comentários do Kléber Machado. Ah, e titia ficou bem emocionada e até com inveja por não torcer para aquele time cafona, mas tudo bem (titia comemorou os gols, mas não conta para ninguém). A vida é assim. A gente tem o Rogério Ceni.

Então, quando você tiver 10 anos e unhas cor-de-rosa, a gente vai trocar sms na hora do jogo. E se o lance for muito bom, eu vou te ligar, tá? Ah, e fala para a sua mãe pedir para o Robinho voltar pro Brasil. Aquela vida não está fazendo bem a ele. Pedala!

Bjos,
titia de quase 30

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Insatisfação

Ela começou andando. Acelerou o passo e completou facilmente 5 km. Apertou ainda mais as passadas e alcançou 10 km sem esforço. Quando estava confortável, queria 15. E acelerou de novo. Chegou aos 20 km. Ficou fácil. Mudou a direção. Nenhuma novidade. Então, optou por subir ladeiras. E ficou fácil novamente. Resolveu descer tudo. E, lá embaixo, quis subir outra vez.

Hoje, correndo numa planície sem igual, sente que está parada - mesmo quando acelera - e nem consegue admirar a paisagem. Agora, ela nem sabe mais para onde correr. Por isso rodopia.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A vida aos (quase) trinta

Eu nunca tive medo de turbulência de avião. Agora tenho. Também não me importava muito com a neblina na serra. Agora eu rezo. E, mais do que qualquer mudança, eu nunca gostei de carnaval. Agora espero ansiosa pelas festas. E sei cantar marchinhas. E sambo. É, loira e sambando feliz (!). Daqui a pouco só falta fumar maconha! Tô é ficando uma velha doida!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

1/4 de vida Real

O céu amanheceu com o azul mais puro do mundo. Lindo na minha janela. E na minha esquina, meninos pintados de guache pediam dinheiro. Dei R$ 0,25 para financiar a felicidade.

E escutei For what it´s worth no Ipod.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Bolhas de sabão

Aqui também chove. E as pessoas ficam presas nos prédios de escritórios da Faria Lima esperando a chuva passar.
A água se acumula pelas calçadas e faz poças. Como as de lá. Aquelas que o inspiram.
A menina de sapatilhas metalizadas vê o reflexo da saudade em uma delas. Mas não para. Corre apressada e pensa em Praga. Ou Berlim.
Das poças daqui saem bolhas de sabão. E ela enrola um cacho de cabelo no dedo para acalmar a falta que ele faz na mesa do café da esquina da Albuquerque Lins.
E é verão.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Da vez que embarquei para Pati do Alferes

Ela pisou na areia grossa da praia de Copacabana com tanta força que os cristais rasparam sua armadura de estanho. Do corte, fugiu a criança que buscava conchinhas na praia depois de um suco de laranja.

A menina, que via a vida por um caleidoscópio furtacor dentro da proteção de metal, assustou-se com o barulho do mundo humano. As pessoas brincando felizes nas águas de Iemanjá não lhe diziam nada. O céu azul, nada. O vento leve, nada. O sol que arde a pele, nada. A menina só procurava pelos reflexos cintilantes que estava habituada a ver. Nada. Se perdeu.

Sentiu tristeza e, para voltar de onde veio, virou espuma do mar do Rio de Janeiro.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

I miss u

O cheiro do asfalto. O toque-toque dos saltos. As camisas azuis na 5th av. Um céu de possibilidades. O universo em expansão. Hoje eu só queria estar em NY.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Ano novo

Mars will set the stage for a whole new chapter in your personal love life. In order to help Mars do his work, you also need a new moon in that same area of your chart, and remarkably, you had that too, just a few days prior to the start of January. That gorgeous new moon appeared on December 27 and will still send you golden vibrations during the first ten days of January.
If you met someone at the end of December, your future with this person looks bright. If you didn't meet anyone, you might still, so keep talking and meeting - this could be someone you will want to know better! Never have I been THIS excited about your horoscope, dear Virgo! This is your time to find love, the very best month of all of 2009!

ai, ai!

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Fasten Your Seat Belts

..the bitch is back!