quarta-feira, 30 de novembro de 2011

tempo, ah, o tempo

2005 foi outra vida, ela disse.
1999 a única vida, eu digo.
e o agora, vida. Eu vivo.

Vedder continua cantando pra mim. Eu (ainda) tenho sapatilhas vermelhas (novas) para saltitar por aí. E (de novo) todo dia vou à casa cinza de que fugi por não suportar a dor dos olhos do fotógrafo triste.

Ninguém escreve mais como escrevia. E eu não acentuo mais ideia.

A criança sabedoria já dança balé. A sua menina vai para a escola e passa batom sabor morango (que era meu). O menino que vi nascer chama a mãe de chata.

As universidades na Grécia estão sem aula há 365 dias. E ele ainda me pede para sorrir. Lá da Antiguidade. E eu obedeço.

A pista ainda me surpreende. E eu vou embora com quem eu bem entendo. Porque, dizem, sou dessas.

Tudo mudou. Envelhecemos. Mas tem alguma coisa que nunca muda. E é bom.

Vou ver 2012 nascer numa Berlim fria. E aí, hein Susan Miller?

Dezembro

Pô, mudou.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

quase setembro

no fim, março foi um bom mês.
meu horóscopo diz que as coisas vão mudar até outubro.
e se não mudarem?

quarta-feira, 13 de julho de 2011

sonhos

Sonhei com você a noite toda. Já passaram quatro meses. No meu sonho, precisava falar contigo porque eu tinha mudado de casa e estava infeliz. Já passaram quatro meses. E eu mudei mesmo. Recado do subconsciente ou do Destino. Não sei, não acredito no Destino. Ele mente. Já passaram quatro meses. Te contei um dia, não deves lembrar, que em 2004, quando procurava minha casa atual e curava o corpo da depressão pós 22 anos, sonhava com você me guiando pelos caminhos irreais das imagens noturnas até o que seria meu quarto azul de hoje. Já passaram quatro meses. Mas, nesse sonho de ontem, não havia solução para a tristeza e você tinha um affair com uma amiga minha. Abandonada numa avenida da zona sul de São Paulo, caminhei surrealista pelo meu incosciente sem sentido - ele também sem esperança.
Sonhei com você a noite toda. Acordei achando que meia hora de café e cigarros talvez pudesse me fazer entender o que não consigo ver. Talvez a sabedoria de trapezista que vive em solo plano e confortável seja o que preciso agora. Mas não vou saber.
Tempos estranhos esses. Mal tenho fruta em casa.
Angustia.
Tenho vontade de chorar durante a tarde. Não por sua causa. Por minha mesma. Por não saber consertar o que fiz com minha vida. Por não confiar. Por não acreditar. Por não enxergar solução.
Quero morrer às vezes. E outras, ir para Berlim - sozinha. Desta vez.

domingo, 10 de julho de 2011

tristeza não tem fim

A tristeza depende muito pouco de uma casa, um trabalho, um amigo. A tristeza é constante dentro da gente.
Nunca tive tanta vontade de morrer e, ao mesmo tempo, tanta certeza que não vou me matar. O tédio e a tristeza são tamanhos que não tenho nem forças para pedir minha morte.
O cabelo cresce e eu não corto. Os pelos crescem e eu raspo só por raspar. Os dias começam e terminam. Como sempre foi. A criança da mesa do lado faz birra pra não comer a batata e eu começo a achar o Destino sensato. Eu afogaria com minhas lágrimas uma criança gerada por mim. E, se não fosse afogada, morreria de tédio ainda um zigoto.

Está fácil não.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

vou viajar em dois dias

E isso é bom. É com o pé em outro lugar que sou o que sou: sozinha.

E é isso aí.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

vaivém da saudade

Vou voltar para aquelas ruas com nomes de países latinos.
Vou atravessar as ruas entre táxis baratos e ouvir tango nas praças.
Sou eu. Eu, não eu.
Fiz o que meu soldado disse entre uma garfada num corte diferente de boi e uma batata frita: parei. "You should stop, you know it, don't you? You should". E eu parei. De ver, de falar, de pensar... Não, de pensar não. Você ainda existe de um jeito torto nos meus registros cerebrais. Mas, depois de arranhar ainda mais minhas cicatrizes, é verdade, eu parei.
E aconteceu tanta coisa e não aconteceu nada. Vou pisar a terra de Cortázar sem a tristeza de outrora. Porque, dela, meu soldado me tirou.
Mas vou entrar na tristeza da saudade. E vou me lembrar de mim, do soldado, do soldado em mim, de Berlim, da Baronesa de Itu e vou tomar café o tempo inteiro. Isso não é férias.

Mas está tudo bem. Estamos todos bem. É o que importa. Move on.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Não fique triste que esse mundo é todo seu


O mundo é cheio de poesia. Como Otto me ensinou.

Coloquei o colar de contas que ele me deu hoje. Não sabia. Mas fui transportada para 2006. E foi bom.

terça-feira, 15 de março de 2011

fim de semana

Robert Mapplethorpe assina "Azul" em uma carta para Patti Smith. Chorei por três minutos depois de ler.

Um homem Azul. Que eu não tenho mais coragem de ver.

Sonhei duas noites com as palavras de Patti. Não fui trabalhar na segunda-feira.

Tive a pior cólica dos últimos 10 anos. Não tinha ninguém para me ajudar até que meu útero parasse de contrair. Tão presente em mim. Meu útero. Queria arrancá-lo com minhas unhas vermelhas feitas por uma manicure carioca. Vomitei.

Recebi, pela primeira vez, uma proposta digna de trabalho. Não tenho, pela primeira vez, para quem contar. Nem um amigo, nem um homem.

Entrei no Netão com medo de encontrar almas perdidas. Estava muito quente. Fomos embora. E não vi ninguém. Ufa.

Santa Cecília é padroeira da música. A Patti também escreveu isso.

Eu queria ser perfeita. Disse Nina Sayers em outro fim de semana. Eu também queria. Não sou. Nem para mim.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Contardo, te amo!

"...quem acha que seu lado obscuro é feito de carnes trêmulas e cerveja deveria fazer um esforço sério para sair da infância", do Contardo Calligaris, hoje, na Folha de S.Paulo

sexta-feira, 4 de março de 2011

É carnaval!

Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim.
Ai meu bem, não faz assim comigo não!
Você tem, você tem que me dar seu coração!

Meu amor, não posso esquecer,
Se dá alegria faz também sofrer.
A minha vida foi sempre assim:
Só chorando as mágoas que não têm fim.

Essa história de gostar de alguém
Já é mania que as pessoas têm.
Se me ajudasse Nosso Senhor,
Eu não pensaria mais no amor.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Somos todas um pouco Carrie...

Single and fabulous - exclamation point!

"So, I sat there and had a glass of wine...
...alone.
No books, no man, no friends, no armor...
...no faking."

terça-feira, 1 de março de 2011

Era uma vez um sádico e uma bailarina

Do dicionário

"Sadismo: prazer com o sofrimento alheio".

Não, eles não têm um caso. Nem nunca tiveram. E eles não têm nada a esclarecer um ao outro.

Ela o amou muito e foi relevando todas as mancadas, bebedeiras, grosserias, vaidades. Ela relevou. E seguiu amando paciente. E suportando o peso de um sádico dançando sobre seus escombros e tristezas. Ela suportou. Ela pensou que, tal qual o fim de um livro de Gabriel García Márquez, eles pudessem ficar juntos. Um dia. Tranquilos. Mas não podem.


Aí, veio um soldado cipriota e plantou entre tantas cicatrizes uma semente de amor. Puro. Amor que dá a mão de manhã. Amor que bagunça a casa. E virou rei desse corpo. O reinado, sabe-se, tinha dia e hora para acabar. E acabou. Sem cicatrizes. Sem mesquinharias. Sobrou o amor. Que ele ainda espalha entre a neve polonesa.

Ela, forte e leve, amada, foi perambular pela noite. Se encantou com gatos e sapatos, dormiu com o rei momo de olhos verdes e descobriu que transa que nem música! Não, o sádico nunca soube. Que tolo. O sádico nunca saberá. O sádico a fez sangrar o corpo na primeira vez e manteve a alma dela em hemorragia. E é só isso. O sádico transa com ele mesmo. É primo de Narciso. O sádico transa entre coxas rígidas e espalha a tristeza. Acha que isso é vida, pobre dele.

Então, ela estava lá. Um dia, no meio da chuva, o céu nublado escondeu o caminho. Ela perdeu o compasso e caiu no abismo de 2010 - ou seria 1999? Quanto chegou ao chão, o som metálico de seu corpo batendo na fórmica estourou os curativos das cicatrizes e ela ardeu. As memórias saltaram como pus. O sádico regozijou. Era o palco que ele precisava para testar sua vaidade. Bronzeado de dias na praia, sapateou na cabeça dela e proferiu sua filosofia sádica e macabra. Ela morreu.

Mas a chuva caiu forte entre marchinhas de carnaval e alagou a cidade cinza dos sem amor. A chuva levou o pus daquele corpo bege e sem vida e fez novamente brotar a semente cipriota. Guardada com o carinho que uma criança envolve um feijão num algodão, a semente do amor fala sempre mais alto quando brota. E ela ouviu.

A semente diz com sotaque grego que aquele sádico não pode julgá-la. Que não é ele quem vai rotular os relacionamentos dela. E que não é ela quem se esconde.

A semente diz entre cafés turcos que ela não gosta mais dele - por isso ele não subiu até o apartamento dela em dezembro, por isso ela não o desejou no Réveillon...

A semente diz que ela precisava ir ao pilates. E ela foi. Os músculos da bailarina precisam estar rígidos para que ela continue transando que nem música por aí.

E o sádico? Ah, ele precisa de tratamento. Mas isso não é problema dela.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Ainda bem que tenho o Eddie Vedder.

Ctrl + C, Ctrl + V

segunda-feira, 22 de março de 2010

Que seja infinito enquanto dure

Ninguém vai te amar como te amei.
Nem eu.

0 comentários

Guy Bourdin: todas mortas... De amor







quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Ele prometeu...

... Que eu ia conhecer alguém e ser feliz. E ter filhos. Que coisas boas acontecem para pessoas boas. E ele disse que eu sou uma pessoa boa.

Ele mentiu.

Acho que prefiro quem mente dizendo que vai ligar. E não liga.

eu não vou chorar

eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar

eu não vou chorar... só porque ele parece tão feliz lá debaixo da neve e eu pareço tão triste do lado debaixo do Equador.

eu não vou chorar... afinal, semana que vem é carnaval.

eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar eu não vou chorar

domingo, 20 de fevereiro de 2011

tempo

Não vai dar tempo. Ela pensa. Os trovões anunciam a chuva. Não vai dar tempo de ir ao museu. Melhor trocar pelo shopping.

Não vai dar tempo. Ela pensa. O útero conta os dias. O coração, as semanas. O ginecologista, os anos. Ele não existe. Ela não gerará.

Não vai dar tempo. Ela pensa. O salário é curto.

Não vai dar tempo porque tudo passa rápido demais.

março vem chegando

Sempre me deprimo em março. Passei anos achando que fosse só pela alegria artificial do carnaval, pela tristeza do palhaço. Mas não. Sou eu que outono.

Talvez por causa da música de me ninar que fala das águas de março e o fim do verão. Talvez pelo meio do caminho - seis meses mais velha do último aniversário, seis meses mais nova do próximo. Não sei.

Isso também passa.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

2010

sem listas. não preciso ler nada para saber que fui feliz esse ano.
tudo bem por aqui.