domingo, 29 de setembro de 2013

Fighter

Levo tatuada no corpo a palavra que aquele leão em forma de soldado com um inglês disléxico e sotaque grego disse que sou. E quem me deu de presente foi meu irmão.

Ninguém mais vai partir meu coração.

Ah, o amor...

O amor mora no Rio. Sob a chuva. Lá em cima, onde tudo se pode ver - da Lagoa ao Arpoador, de Copacabana ao Leblon.

Não, não é o amor que trepa. É o amor que faz vibrar os corações e as células de colágeno dos corpos ao redor. Que chama todo mundo de "nêga", como meu avô fazia com minha avó. Que abre os braços para a vida. Para o sol. Para a lua. Para o mar. Para o vento. Para a nuvem que entra pela janela. Para o coelho. O amor que nos faz todos jovens. O amor do bem. O amor que faz o mundo ser bom. E a vida, boa.

Por coincidências da vida, ou não, o taxista era cristão carismático e pregou o caminho todo. Não me incomodou. Fiquei calma. Em paz.

Ele não mentia:

"O amor alegra as pessoas, o amor cura. O amor não é sexo, não é ter. O amor é ouvir, interagir. O amor é mais forte do que a morte. (...) Deus tem sua pedagogia, ele espera. Ele está sempre falando. Carro, apartamento, barco, dinheiro. Não serve pra nada sem o bom da vida. A gente precisa do shalom. (...) Não pode profanar o coração. Sozinho a gente não faz nada. Se a pessoa ama, vê que tem talento. Pensa: tudo posso. E sai do torpor (...)."

E eu me apaixonei três vezes nos últimos dois meses. Insana e perdidamente. O primeiro é como eu. De certa forma. E disse quando já não estava apaixonada: "menina corajosa". E eu gostei. E fiquei apaixonada mais alguns minutos. O outro, bonito de cortar os pulsos, foi pra Dublin tomar cerveja. Mas quase não foi embora do meu abraço naquele domingo. E não quis conversar sobre futebol. E eu gostei. O último, ah, o último... Dentro dele há o mundo. E tanto tempo. Há um reino encantado em que quase fui princesa ("que pena que você está indo logo agora..", sussurrou ele). O príncipe mais príncipe de todos. Um príncipe que enxerga as pessoas. E que é lindo. E alto. Lindo. Alto. Lindo. Alto. Lindo. E tatuado. E lindo. Ah, o amor...

Foi por causa do jovem príncipe que percebi. Eu, que nunca soube em que momento gostaria de mudar tudo e até disse que não gostaria de mudar nada, mudaria. Mudaria o próximo passo da fração de segundo seguinte a mão dele se abrir. Aquela mão que tentei segurar em uma madrugada de 1999. Aquela mão gelada de tanto segurar o copo de vodca que tentei segurar, mas ele esticou os dedos. Ali, ali eu mudaria tudo. Tu.Do. Porque não se pode profanar o coração.

Eu aprendi.

Ah, o amor... O amor vem. A vida vem. É só chamar.

Estamos bem, Patti, obrigada