domingo, 30 de novembro de 2008

Aos anos 90 - a década que acabou

O tempo passava devagar. Cada ano, 365 dias. Sem pressa. Sem correr. O cabelo demorava a crescer - e os peitos também. O mundo era muito maior. As distâncias existiam. Era preciso percorrer fisicamente os quilômetros. Correr rodovias, subir a serra. Cartas e cartões-postais chegavam em casa como msn. Um bilhete escrito em folha de caderno pela minha vizinha era esperado de manhã como o pão fresco na padaria às cinco da tarde. Recados de alguém que tinha perguntado por mim. As bocas não tinham nome. Eram só beijos. Eita vida fácil. Fui Ana por tantos anos que nem sei quem de fato era: pura, puta, menina, mulher. Eu transbordava. As noites só acabavam no domingo. O cheiro de peixe e mar e sal e vento noroeste se misturavam ao meu Farenheit. E tantos outros perfumes se misturavam numa mesma noite no meu corpo queimado de sol e cheio de glitter - gostava mesmo quando era Polo Sport, Ralph Lauren. O amor para toda a vida, o amor da primeira dose, o amor da música cantada no meu ouvido que me arrepiava, o amor sem nome, o amor do fogo emprestado, o amor da fila, o amor do fim do mundo que ia chegar no ano 2000. Os Baldwins eram adjetivos. Ah, os irmãos Baldwin! Kurt cantava. Ed me enlouquecia. "Oi, quê? Tá!". Peguei. Eita vida boa. E os nerds eram só nerds. Gente chata e feia e com mau hálito. Os anos 90 foram tão bons que se estenderam além calendário. O verão derradeiro durou dois anos. Ai, que saudade.

E o mundo acabou mesmo nos anos 2000. msn, gtalk, orkut, myspace, facebook, twitter, blogs, cocaína. Tanta gente se falando e não dizendo nada. Tanta proximidade e tão pouco contato. Basta um google para saber de alguém. O que faz, quem é, quem já pegou, se trepa bem, o que pensa sobre aquele filme. Com tanta informação, tantos prós e contras já contabilizados, para quê arriscar? Para quê se apaixonar? A vida ficou muito chata, seu Bill Gates! I can't get no satisfaction.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Árvore juglandácea que dá a noz

As paredes se esfarelam. Desfazem-se como o tecido endometrial que se desmancha e escorre do meu útero. O vento da idade que corre foi tão forte que destruiu a cozinha, a copa de azulejos azuis e o quintal. Levou embora a firmeza das mãos e a nitidez do olhar. Já não se faz mais doce. Nem de mamão, nem de leite fervido numa lata. Os sabores ficaram pedidos no tempo. Uma maçã azeda que só sabia adoçar minha vida. No bailar do tempo que passa, eu seco. Eu inverno. E o casal que dança valsa vende a casa. Eles vão embora do castelo e eu, princesa de ninguém, fico órfã de novo. Mas agora é de um lugar.

domingo, 16 de novembro de 2008

Oi?

Algum tarado colocou a palavra "trepada" no Google e esse, por sua vez, localizou este blog. Dãrn...endereço errado, né?

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Quando eu acordei na terça-feira...

...só conseguia pensar na Times Square.

E acabei com um caramel macchiato nas mãos em que se lia Marília.

Andy Sachs

Era uma vez um moço chamado Darcy Ribeiro. Ele era comunista. E escreveu um livro com um bonito nome de índia. Em tupi, significa única. E em alguma outra tribo que eu nunca soube, é "sol refletido na água". Dizem...

Para as lentes de um fotógrafo, foi o nome de uma onça que não conseguia se adequar. E, sozinha, ia vivendo. À margem.

Incrível. Mas as pessoas não conseguem dizê-lo. Repetir um nome tão simples, com cinco letras. Três vogais.

Maiara, Mayara, Máira, Mayra, Marília, Marina, Marinara, Maria, Mariana, Marisa, Marajoara - THAT´S NOT MY NAME!

Thank you very much! God save the queen!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

esquisitices

dei para rir sozinha pela rua...credo!

domingo, 9 de novembro de 2008

And, she founds...

there's a girl in my yard
reading me my tarot cards
she don't know anything
but she's beautiful to me
my eyes are opening again
I see you as you're marching in
I'll bring you cover when you're cold
you'll bring me youth when I grow old
do you when remember when you were small
how everybody would seem so tall
I am your shadow in the dark
I have your blood inside my heart

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

4th avenue

Você está aí. Parado. Na 4th av. Às vezes, olha para mim. Sorri. Mas não atravessa a rua. Eu aceno. Ora um tchau de miss, ora um chacoalhar de braços tão forte que me falta ar. E você, aí. Na única avenida que não existe. Você se cansa. E senta na sarjeta. Com elegância. Você não é qualquer um. Senta, acende um Marlboro, traga, aperta os olhos e assopra a fumaça em mim. Eu, mesmo aqui, tusso um pouco. A fumaça me faz mal. Quando chove, a menina de cabelos lisos e longos te empresta um guarda-chuva. E eu corro para casa. Quando faz sol, você coloca os óculos dos 20 anos. Um pouco fora de moda, mas de bonito efeito para a literatura. E eu vou à praia. Um dia, passei com pressa e nem te vi. Mas sabia que estava lá. Me espionando com esses olhinhos de menino que colocou bomba no banheiro do colégio. Achei engraçado. Já andei bem lentamente por aí. Para ver se você me chamava, se puxava o meu cabelo. Levantei a saia do vestido de renda de leve, só para ficar mais curta. Fiz cara de perdida. E você riu malicioso. Entendeu. Também já nos esbarramos. E rodopiando na 4th av., presa em seus braços, pedi para deus fazer o mundo parar. E só consegui que o trânsito ficasse insuportável na 5th av. Uma avenida que existe. Eu já tentei comprar aquela casinha de esquina de portão branco para ficar mais perto. Mas ela está alugada. Não posso te mandar cartas porque, como não existe, a sua avenida não tem cep. E, tem dias, que só quero acompanhar seus passos. Espiar de longe, da distância da saudade. Mas você tem patins e corre. Agora, agora, agorinha, eu estou feliz porque você está aí. Nesta avenida que não existe. E eu aqui. No mundo que faz tanto barulho que é impossível não ser de verdade. Porque eu posso correr para outras avenidas. E você perdeu o trem.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Susan Miller

On November 21, when the moon is in Virgo, Jupiter (happiness) will send a golden beam to Saturn (longevity), linking your house of love and marriage. What a day to promise your love! You may get engaged or married, with beautiful vibrations to help you.

Ei, vou casar dia 21! E do jeito que a vida está, posso até arriscar: vou casar virgem e tudo!

Quando tudo que foi errado, parece certo

ela diz:

no mesmo texto:
saia curta
calça justa
Praga
Nietzsche
25 anos
chefe...

não sei exatamente em que parte me lembrei de vc. Mas lembrei.

ele diz:

Ah, mas estão muito perdidas no texto, não?

ela diz:

as palavras sim. as lembranças não. o tempo, talvez.

ele diz:

O tempo está perdido?

ela diz:

foi perdido, não?

ele diz:

Não, foi aproveitado.

E ela fica muda.

domingo, 2 de novembro de 2008

...

cada um sente falta da Manhattan que conhece...


Eu sinto de Frank Gehry gritando no céu de Chelsea.

Mais um...

É, mais um para a lista que eu não queria fazer:
-também não vou dar para você porque 1) meu amigo não quer; 2) você é meio bronco, né?; 3) nem tentei! tchau. vou rezar um terço! (se eu soubesse, iria mesmo!)