segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Adeus ano velho, feliz ano novo!

2007 já acabou. Pelo menos em Sidney. E para mim também. E tudo que eu sinto é calor.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Resoluções de Ano Novo - I



Como me afoguei sem entrar no mar

Tento respirar. Mas o ar está parado. Os edifícios a beira mar estancam tudo que vem de lá. Paralisam Iemanjá. E ainda construíram um prédio maior do que os outros. É como se ele gritasse ali. Como um pavão que abre as asas no meio de pombas pobres. E é feio. É um pavão bege neoclássico. Uma ofensa.

No mais, são as mesmas pessoas, nos mesmos lugares, nos mesmos trajes, com os mesmos assuntos e companhias. Não gosto. Aprendi um caminho seguro por entre essas vidas passadas e ultrapassadas. Ando em linha reta até a Pedro Taques se transformar em Epitácio Pessoa. Sem olhar para os lados. Sem ver quem dirige os carros apressados e com ar-condicionado que circulam nas ruas resfolegantes do verão. E chego onde preciso. Não vou ao shopping. Não vou tomar sorvete. Não vou até ali. Talvez uma solitária água de coco. Sem sorrisos. Sem gentilezas. Só eu e minha vida.

Impossível suportar dias abafados. Nem meus gritos saem. Nem minhas lágrimas. Evaporam com o calor. Impossível agüentar essa passividade. E sinto toda a perda de tempo do mundo naquelas ruas. Sinto os sonhos precários. Os sonhos daqueles que não sonham. Ou sonham pouco. Ou mal. E paradoxalmente vejo estampada a tal da felicidade nesses rostos passivos. Incompreensível para mim.

Almoçando sob o sol da capital – igualmente quente e sufocante – lembrei do homem que corria na praia sem uma das pernas. Uma geringonça metálica o fazia se movimentar normalmente. Naquele homem não vi sonho precário. Vi algo maior do que a cidade pode suportar. Ou eu. E entendi assim – entre uma garfada de alface e filé bem-passado – que não é o lugar. Sou eu.

Porque eu quero mais. Mais do que ver o sol se pôr. Mais do que areia entre os dedos aos sábados. Mais do que um casamento tolo. Mais do que um chopp no bar de sempre. Mais do que aquelas ruas. Mais mais mais mais. Quero mais ar. Quero o mundo para respirar.

Se o mundo inteiro me pudesse ouvir...

Nunca fui fã. Aquele gordo de voz grave e suado me deixava aflita. Uma amiga insistia em cantar suas músicas em karaokês. Era meio deprê. E eu, sem saber o porquê, sempre me lembrava de alguém no meio de seus versos e refrões.

Mas lendo sua biografia, entendi. Tim Maia era libriano. E nasceu em setembro.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Todo meu vazio

Chove. E eu preciso andar três quadras. Só três quarteirões para encontrar você. Paro embaixo da marquise, na frente da farmácia. Os bêbados do boteco ao lado me olham estranho. Meu rímel borrou com a chuva. Minto. Foram as lágrimas. Quem se importa? Minha blusa branca encharcada de chuva está gelada. Minha pele arrepia. Estou sozinha embaixo da marquise esperando a coragem chegar. E os bêbados me acham gostosa. Ou puta. Ou drogada. Falta uma quadra e uma avenida e mais uma quadra. Ou quase. Penso em parar e falar com a menina bonita que é atriz e mora no prédio da esquina. Preciso pedir ajuda. Mas acho que ela não está. Nem tenho intimidade. Meu cabelo já está sem cor. A tinta escorreu com a chuva. Minha blusa está manchada e transparente. Vejo embaçado. Sinto dor. Dentro. Quero voltar. Mas não posso. Quero avançar. Mas minhas pernas não têm forças. Nem minha alma. Preciso de uma vodca.

Lembro do casal de trapezistas que vagava clandestinamente por esses quarteirões. De mãos dadas com o futuro incerto. Deserto. Quero uma mão para segurar a minha, um ombro para encostar a cabeça. E uma toalha quente, branca e felpuda para me secar da chuva. Para secar meu choro. Por que não pode ser você? Porque eu não choro? Mas eu choro e grito e brigo e bato e me suicido se você quiser.

Não vou sair do lugar. Não consigo. A água da chuva entope o bueiro. A enxurrada avança até meus pés. Tenho medo. E se nunca conseguir sair do lugar? Stop waiting, dizia o filme de ontem.

Entre o peito, um espaço que arde. Vácuo que explode em lágrimas. Distância infinita. Para o infinito, basta virar a esquerda e seguir em frente. Começa na minha rua e termina na sua. Descobri isso essa semana. O táxi passou em frente ao seu prédio. Senti frio. E passei gloss. Para ficar bonita.

Distante posso ter você próximo. Guardo a vontade. Acarinho a possibilidade. Próximo, você está longe. E aperta o peito e arde. Congela. Perto, você é todo meu vazio.

P.S.: I love you

Era só um filme. Mas podia ser minha vida. Ou sua. Ou dela. Ou nossa.

Uma mulher, duas amigas. Uma casava e a outra engravidava.

Ele morria. Também dizem que a pessoa parte quando morre. Então, ele partiu. Para não voltar.
Ela o conhecera aos 19 anos. Quando tudo era mais fácil. Mais espontâneo.

Mulheres amam sapatos. E querem homens que as façam rir.

Frase do filme: stop waiting! E comecei a pensar em você...

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Verdade de hoje

Não importa o que aconteça. Sempre terá um fotógrafo para me levar para casa.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Para você que tinha um carro azul e um morcego branco

Passei os últimos meses esperando você voltar. Retornar da cidade que quando fui, esqueci de você. E lembrei a todo segundo. Você finalmente chegou, mas eu nem sei. Perdida nos meus devaneios de ontem à noite, descobri um impulso verborrágico dentro de mim e preciso te dizer. Ou pelo menos, escrever. Mesmo que você não leia. Mesmo que você não se importe. Tudo bem. Eu preciso dizer. E nem tenho certeza se ainda sei ser só sincera, só emoção. Não tenho mais 19 anos.
Eu gosto de você. É simples. Um amor que acostumei a amar sem tocar. Um amor maior do que a realidade. Um amor que continuaria vivo mesmo se você aparecesse na minha frente com duas tetas de silicone dizendo que agora seria trava. Eu ainda te amaria.
Hoje, já não te acho mais tão bonito. Nem o mais inteligente, nem o mais instigante. Hoje, você é você. E eu amo. Mesmo quando é frágil, influenciável, comum, desinteressante até. Mas amo-te assim. Confuso e decidido ao mesmo tempo. Distante e próximo. Capaz de me seduzir com uma piscadela. Um olhar, um jeito de tragar o Marlboro diferente. Um jeito de pedir um Trident verdinho.
Não. Você não é como os outros para mim. Seria melhor se o que eu sentisse agora fosse só um engano. Efeito colateral de uma noite regada a vinho em copo de requeijão e filme francês. Mas não é. Piegas, ou não, para mim, é diferente. Não planejo gemidos, não penso nos toques. Sou só eu. Você. E minha pele. Não sei o que é isso. Mas não é igual. Aos outros.
Então, ficamos assim: meu brinco, pode jogar fora. Eu vou levando minha vida. Continuarei com vontade de dividir cada novo projeto com você - e às vezes vou te mandar um e-mail - mas é só. Não vamos nos ver. Você vai continuar me chamando no msn, mas prometo que não vou achar que sou importante - de alguma forma - para você. Não vou confundir as coisas. Não vou nem pensar. Porque quando penso que te amo, penso fundo. E dói. Mesmo quando é bom.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Fim de ano

Nesta época, a humanidade se divide em duas categorias: os otimistas e os deprimidos.

Não existe nenhum outro tipo de ser vivo. Os primeiros acham que tudo é lindo e vai dar certo - como se a vida fosse a música de fim de ano da Globo.

Os últimos não gostam de papai Noel, de árvore, de presente, de neve, de ceia, de comer, de champagne, de trânsito, de shopping cheio. Só reclamam. E alguns se matam no metrô.

Ok, eu tb não gosto muito. Mas, porra, dá para só viver e não encher o saco? Vai passar.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Pílulas do fim e início da semana

1) o Kaká pode até ser bonito, mas me broxa.
2) sobre o mesmo tema: mais vale um Palermo perdendo o jogo, do que o Kaká marcando gol.
3) sonhei tanto sábado que nem sei mais o que aconteceu, o que vai acontecer e o que nunca acontecerá.
4) minha chefe deu para gente uma eco-bag Marc Jacobs de Natal. Amo essa mulher. Juro.
5) vodka boa é vodka cara.
6) alisei o cabelo e fui possuída por um novo espírito. Sou outra, da mesma. Só com outro projeto gráfico.
7) continuo coelhita apaixonada...ai, ai.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Do meu pequeno, sangue do meu sangue


Ele escreve em inglês e fala alemão. E eu tropeço no francês. Que orgulho!

Check In - Check Out

Começou. É a semana das voltas. E chegadas. Partidas, talvez.
Ontem foi o amigo italiano da minha amiga que chegou em Guarulhos.
No fim de semana, é ele que volta. Com ela. Então, nem volta. Só chega. Nem quero mais saber. Nem esperar. Nem querer. Não quero voltar a imaginar um dia que não chega. Nunca mais.
O português da minha amiga que está em Londres voltou para Portugal na segunda-feira. Chegou lá com um CD gravado por ela. E ela volta de Londres na semana que vem. E vai trazer uma meia-calça colorida para eu usar no inverno - que um dia chega.
E eu volto para a cidade dos canais. Apenas por uns dias.

Mas depois do calendário virar a página, depois de brindes e champagne, de fogos no céu e sete ondas, tudo volta ao normal. Ainda bem.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

O texto que não escrevi - mas poderia...

"eu não estou mais no ramo do romance (...) não lembro mais como se faz isso. nem sei mais se sinto falta. vai acostumando. a solidão vira parte de você. (...) fiquei bebendo sozinha até aparecer alguém. e mesmo quando apareceu, mesmo enquanto conversávamos, mesmo enquanto outras coisas aconteciam eu ainda me sentia sozinha. essa solidão é como uma capa. nada mais chega em mim. eu posso até me entregar, posso até tirar a roupa, posso tentar, mas vou continuar sozinha. não sei desde quando isso acontece. de repente era assim fazia tempo. uma solidão crônica. antes eu procurava alguém com quem não me sentisse sozinha. era minha grande busca. agora já não faz mais diferença. acostuma como quem bebe demais se acostuma com a ressaca. faz parte. tenho outros tipos de amor. tenho amor de muitos meninos. mas não é romance, não tem manhãs, não tem mãozinha entrelaçada e pezinho roçando enroscado debaixo do lençol, não tem beijo e abraço, não tem cinema, não tem fazer nada juntos, não tem silêncios confortáveis e nem cabeça no colo. nem lembro como é isso. nem lembro da sensação. acho que o romance morreu em mim. e eu nem notei."

comunicado oficial de solidão crônica , de Clarah Averbuck

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Paixonite

Volto sempre assim... Ainda bem que já sei como funciona: acaba no fim de semana. Ufa!

Vênus de Milo

Petrifiquei. De preguiça. Ou de culpa tardia por ter me lançado ao abismo em noite de música erudita. Mas se digo que é culpa, minto. Sentiram por mim, não eu. E me perdi.

Ou por convívio excessivo com mulheres assexuadas - sim, isso atrapalha. Faz o desejo parecer exacerbado. E não é. Ou o oposto. Mulheres-dragão com cara de gozo até em fotos com crianças. Faz meu desejo menor. Faz-me frígida. E nem sou.

Sou só gelo. Congelada de amor. Passiva. A esperar o cortejo. A esperar algo que não sei o que é. E é a certeza abraçada a angústia que me visitam à noite. Certeza porque sei o que ele queria. E também o que eu queria. E angústia por algo que não aconteceu. Inspiro o ar pesado do tempo que não volta. E expiro aflição.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Para não dizer que não falei de lá

As pedras guardam as memórias de dias não muito felizes. Pisei naquele chão ensanguentado de escravos enquanto procurava a razão e a solução para minha dor. Lembro que as encontrei no pôr-do-sol rosa que invade o céu e a alma no alto da Baia de Todos os Santos.

Anos depois, fui recebida pelo sorriso do vento doce. Cheiro de dendê. Abracei sincera o Destino que veio encarnado numa negra de mãos quentes. Banhada de cravo e canela, percebi que não eram os mesmos pés que subiam e desciam aquelas ladeiras. Era outra. Eu, de hoje. Invadida de sol. E feliz.

As pedras, o calor, o sofrimento de outros povos, a orgia dos trópicos, os odores. Salvaram-me de mim.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Esqueci...

Peter Parker ou Clark Kent?

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Dúvidas que me consomem - ou quando meu lado geminiano grita

1) Orlando Bloom ou Johnny Depp?
2) domingo de sol na praia com uma cerveja bem gelada ou domingo de chuva em casa lendo Garcia Márquez e tomando café?
3) Kill Bill ou O Fabuloso Destino de Amélie Poulain?
4) light ou diet?
5) plataforma ou flat?
6) Sex and the City ou Friends?
7) msn ou sms?
8) biquíni ou maiô?
9) praia ou piscina?
10) ela ou eu?