domingo, 29 de junho de 2008

Simples como um domingo de sol

E lá vem a Danuza Leão falando de conforto entre corpos que se conhecem por muitos anos.
Ai, ai...

sexta-feira, 27 de junho de 2008

212

é o código de uma ilha e a senha que recebi na segunda-feira.
hoje é só um papel.
sexta que vem será um destino.
palíndromo. como o fotógrafo que viveu por lá.

Embriagada

Quando a vodca percorre acelerada pelas minhas veias e o vento frio gela minhas têmporas, é em você que penso. É quem desejo. Penso no espaço entre o queixo e o peito. Onde posso encaixar minha cabeça atordoada e tonta. Porque já não sei mais seduzir desconhecidos. Não quero. É um longo caminho encontrar conforto sob a atenção dos homens. E expor-me. Não quero outro. Não tenho paciência para tudo de novo. Quero o outro de você. Esse que descubro a cada café. A cada filtro de cigarro que queima. E quero também você. Que era outro. Agora, é esse. E que quero. Quero esse aí que também me quer. Mesmo que eu não entenda o motivo do seu querer que é meio mal-querer, bem-querer, mal-querer, bem-querer... Mas sei que é querer. E na confusão dos ATPs no meu sangue, a certeza de você me basta.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Dri-Rê-Li

São só sílabas. Mas guardam a cura das dores do mundo. Preciosas.

confissão

...confesso que nas noites mais frias me ajeito nos travesseiros pensando no aconchego de seu corpo. durmo mais tranquila assim. e quando você me olha com seus olhos de menino, só tenho vontade de me misturar em você. sugar de ti a fumaça do marlboro que pende torto de seus lábios. e que tenho medo de não suportar a leveza do seu toque cavalheiro e me exceder no exagero do estrangulamento de quem ama. e quando estou sozinha, o conforto de nós dois ecoa. Em mim.

A ilha

Lá está o amor. Incondicional, como disse o padre. Mas não é tão fácil encontrá-lo. O amor se repartiu em um buquê de flores para quatro meninas. A primeira quis o mundo e foi embora. Uma saiu descalça da mansão do imperador e caiu nos braços do homem. Outra se vestiu de branco e foi cuidar de crianças. E a última ficou lá. É ela que alimenta o fogo do amor. Cuida para que a casa fique sempre aquecida. Braços maternos que fazem brigadeiro e dirigem até a escola e afagam o corpo embriagado.

De tempos em tempos, elas se reúnem. Cada pedaço de amor se junta ao outro como mercúrio. O tempo gira rápido. Pára. Espera por elas. Suspenso no ar. Elas aproveitam cercadas de magia. Envoltas no calor do aconchego. Relaxam. Ali, no círculo, não têm nomes. São só sílabas. Cada uma do seu jeito. Sem precisar mudar. Sem se armar. Elas bebem, pulam, gritam, cantam, choram, se abraçam e se declaram.

Quem vê a ilha de longe, com seus prédios tortos, não imagina. Mas lá ela é feliz.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Pelas rampas de Niemeyer

Borrei o rímel e chorei lágrimas negras. E meu corpo todo dói.

domingo, 15 de junho de 2008

Posso pedir uma música?

Hey baby come round
keep holding me down
and I'll be keeping you up tonight
The four letter word got stuck in my head
the dirtiest word that I've ever said
it's making me feel alright
For what it's worth I love you
and what is worse I really do
oh what is worse I'm gonna run run run
'till the sweetness gets to you
and what is worse
I love you!

Hey please baby come back
there'll be no more loving attack
and I'll be keeping it cool tonight...

Bisbilhotices

Fucei um pouco. Coro ao pensar...Achei uma foto sua. O título era engraçado. Ri. Fotos de meninos que circulam livres pelas areias de Pitangueiras. Faz tempo. Seus olhos apertados de menino. Arrepiei. Um meio sorriso e um olhar de canto. O cabelo mais branco. Mas o mesmo olhar. Que tanto conheço. E que me domina. Dez anos mais velho. E 719 preocupações a mais. O mesmo olhar. E a mesma serpente fria que escorrega pelas minhas vértebras quando penso em você.

Não vou

O telefone toca. O pedido de socorro vem. E suga. Quase 74 anos de solidão. Pede atenção. Nego. Não quero essa tristeza para mim. Meu corpo não aguenta. Minha cabeça lateja. Somo: três mulheres, seis filhos, alguns netos, quatro cantos do mundo. E ele é só solidão. Alzheimer. Um flat no Itaim. Um cigarro pendendo na boca. Um copo de Cinzano. Uma aposentadoria anunciada num jornal de grande circulação. Meu trabalho pelo ralo. E a vida perdida em filmes.

Ele precisa de ajuda para arrumar o acervo. Fotos embaralhadas como seus pensamentos. Amargos. E azedos. Ele precisa de ajuda. Ela - que é loira e alta - vai. Eu não. Eu fico aqui. Buscando minha verdade. Aqui. Sozinha. Na minha solidão e tristeza que ainda pode ser qualquer coisa. Seja lá o que for. Mas, com ele, eu não vou.

Bizarrices infantis

Ou Quando foi que o mundo enlouqueceu?

A Barbie não é mais a mesma. Está com uma cara enorme, mais morena e um beiço de botox. Parece a J.Lo. O que aconteceu com a forma dos anos 80? Será que teve um incêndio na fábrica? Não tenho coragem de comprar uma boneca dessas... Credo. Fiquei com medo. O pequeno Poney também sofreu alguma mutação...ficou menor, com cara de criança-minha-mãe-quer-que-eu-seja-modelo.

Credo 2 - a missão: existe um brinquedo que é uma espécie de "banquete das princesas" (ou algo assim). Sabe o que é? Uma bandeja com comida de plástico, talheres etc. Sabe que tipo de comida? Sushi. Hello? Desde quando as princesas lá dos irmãos Grimm ou de Hans Christian Andersen comiam peixe cru? Gente! Alguma criança vai achar que depois de dormir 100 anos a Bela Adormecida vai querer um sashimi?

Mais: existe um McDonalds de brinquedo. Why?? E depois a coitada da criança não pode comer chocolate, sorvete e batata frita. Bom, já cresce esquizóide, né? Na melhor das hipóteses, bulímica!

Mas quer saber o melhor? As crianças na loja só brincavam com bola mesmo. Aquela, b-o-l-a. Que não muda. Que só pode ser redonda. Que todo mundo pode ter. Ufa.

sábado, 14 de junho de 2008

Insanidade

...

Você ainda me causa calafrios. E eu não quero. E eu não tenho mais 19 anos.

3,4kg e 49 centímetros

Ela nasceu. Numa sexta-feira 13 iluminada de azul e branco do mais forte dos orixás. E me acordou de um sono sem sonhos. Só percebi que estava sorrindo no escuro da madrugada quando minha boca não conseguiu pronunciar palavras de sílabas fechadas. A mãe, que me levou para ver a missa de São Bento, tem a filha da primeira igreja que vi na vida. No canal quatro, pretenciosamente gótica, de Santo Antônio. O único que carrego no pescoço. A criança sabedoria nasceu protegida do amor compartilhado dos que nascem no mesmo dia. Efeméride paterna. Nunca estará sozinha. Sofia, nem precisa de fada madrinha. Tem todas as forças do mundo ao seu lado: em nome do Pai, de Ogum e de Santo Antônio. Amém.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Santo Antônio

Antônio era o menino de olhos verdes que me achava espertinha. Ele não respondia por esse nome. E nem pelo quase amor que senti. Mas me acolhia nos braços como um viking abraça sua terra conquistada. E eu dormia o mais profundo dos sonos com as costelas esmagadas por aqueles braços cheios de pintinhas de sol.

Perdi Santo Antônio e os outros Antônios. À meia-noite, não fiz simpatias. O céu tinha uma lua pela metade que me lembrou o sorriso do gato da Alice. Rindo de mim, o céu. E eu, nem liguei.

Antes de fechar os olhos, foi em você, tão bonito no caixa do Starbucks, que pensei. Senti saudades. E um certo amargo no céu da boca pelo querer inocente e incoerente que não vai voltar. É pouco só te querer. As palavras de março racharam você em mim. E acho mesmo é que você me perdeu.

E hoje vou só comemorar o dia de Ogum.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Red Carpet

Eu nem fiz as malas. Mas o tapete vermelho já me espera.


terça-feira, 10 de junho de 2008

Sonhos que não estão na padaria

Minha filha ia nascer no mesmo dia e na mesma hora que Sofia. Só que não estou grávida, né? Já liguei para a mãe da criança sabedoria. Ela espreme os rins dela e pesa embaixo da barriga. Está quase na hora. E eu nem escrevi todas as histórias que gostaria. E nem conheço todas as outras que ela vai viver. A mãe, não Sofia. Ainda. Mas acho melhor nem saber nada. E escrever junto com ela. E me surpreender com os caminhos dos personagens. Passos sem comando sob o sol de Macondo.

domingo, 8 de junho de 2008

Dos que se escondem

Yves Saint Laurent costumava se esconder no banheiro na hora do intervalo nos tempos da escola. Tímido e gênio. Outros tantos gays que conheço também. E eu reconheço e lembro com melancolia de quando eu era menina. Pequenina e loira. Primeira depressão. Primeira vez em que meu cérebro ficou laranja. Ficava ali, parada, sozinha no alto de uma escada olhando as pessoas. Ou sentada no canto durante as festas em que as músicas do Roxette eram o ápice da noite. Só e alheia a tudo. Aos meninos que jogavam bola. Às meninas que usavam jeans M.Officer. Às gordas que comiam coxinhas. Às muito infantis que pulavam corda. Não me lembro o que falavam. Talvez nem falassem. Repetiam o que deveria ser dito. E eu observava. Em silêncio.

Não sei mais quando foi que decidi ser visível. Nem como o fiz. Nem se foi um filme, um livro, um pôr-do-sol, o gatilho que explodiu a pólvora em mim. Mas jamais esqueci a sensação de ser só. A parte. Por isso, carrego em mim a tristeza e a esperança de que sempre haverá uma porta, um canto, um escuro, um lugar para voltar, e me trancar. E o tempo passar.

Hoje, reconheço vagando por aí outras tantas crianças solitárias. São os que souberam se reinventar. E, indefectívelmente, são os melhores no que fazem. São as almas que me compreendem. E eu acompanho.

sábado, 7 de junho de 2008

Vazio 317 X 0 Fluminense

Eles todos lá.
E eu aqui. Ouvindo You could be mine e Live and let die e descobrindo o quanto é difícil fotografar a própria mão:
E isto é um Chanel, tá? Homenagem a Carrie Bradshaw.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Quando o sol apagou

Eu senti o ar faltar no sol. E chorei ao escurecer. Sozinha, em casa. Aquela mulher me pareceu pequena. Quase do meu tamanho. Frágil. De lenço no pescoço e sapatilha Chanel. Logo ela, uma explosão. Não bebeu, nem fumou. Mulheres solares infecundas viram neblina com o passar do tempo. Turvam. E apagam. Se eu parisse, nasceria apenas desilusão. Mas essa mulher é capaz de dar a luz à felicidade. E nem gera.

Queria reclamar com o homem que combina com cachimbos e compartilha uma aliança com ela. Duas mãos esquerdas. Queria obrigá-lo a acendê-la. Mas ele parece só entender de cinzas. Não fala comigo. E a mandou embora. Fechou a porta. Mas ela quis ficar. E ficou. E os dois se arrastam em meio a outros infelizes forjando alegria de pasta de dente.

Chorei porque não vejo solução. E sinto uma certa falta do cheiro de milho verde misturado à brisa da primavera que tudo leva da alma. Senti saudades da adolescência que tudo faz ser possível. E me calei.

terça-feira, 3 de junho de 2008

quando a gente se fala assim, só por falar...

...eu gosto tanto!

des-conhecidos

Meu pai disse que eu queria ser veterinária.
Nunca gostei de bichos.
Sonhava era com os tules das saias das bailarinas, com as múmias do Egito, com a inteligência dos golfinhos e, depois, juntei tudo e fui ser jornalista. De moda, para não perder os tules.

Mas não insisto. Conhece-me apenas quem eu deixo. C´est la vie.

Crianças

- tá chovendo?
- não, é garoa.

seis segundos e meio depois:

- tá chovendo?
- não, é garoa. quando a chuva é assim mais fraca chama garoa. Ga-ro-a!

(silêncio)

- tá chovendo, né pai?

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Ainda luto

“Nada é mais belo do que um corpo nu. A roupa mais bela que pode vestir uma mulher são os braços do homem que ela ama. Mas, para aquelas que não tiveram a sorte de encontrar esta felicidade, eu estou lá” - Yves Saint Laurent
(roubado do blog da Maria Prata)

domingo, 1 de junho de 2008

Luto

Yves Saint Laurent - 1936 a 2008