quarta-feira, 15 de abril de 2009

O outono não me pega mais

O sol gelado das terças-feiras, o vento da noite, o cheiro seco e a fome no fim da tarde me lembram chá de maçã e encontros escondidos ou um cappuccino numa xícara marrom e um prédio delta. Lembram um tempo de possibilidades. Um tempo de céu azul de Trident verde. Ao contrário do que os astrofísicos me dizem, os dias, para mim, são mais longos no outono. Longos e languidos. Cheios de reminiscências.
A chuva faz o vento entrar nervoso na minha casa. Lembro das sensações que quero de volta. Uma tarde no parque. Um café corrido na Paulista. Um cinema mofado. Uma história que se passa do outro lado do Atlântico. O cheiro ácido do seu pescoço no fim do dia. Um Alpino nas suas mãos. Uma vontade. Uma esperança. Um sonho.
A tranquilidade vigente encontra a lágrima guardada sob o brilho do olhar. E ela conta o tempo. Tic-tac, tic-tac. O outono de hoje não é o de 1999, nem de 2001. O tempo passa. E eu já estou com quase 30. Mas o outono não me entristece mais.

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