segunda-feira, 1 de abril de 2013

Colagem

Ele, que já me quebrou tantas vezes, hoje me colou. Caquinho por caquinho. Colou com aqueles olhos de menino de 20 anos que ainda vive dentro dele. E o papo furado que sempre me fez voltar para ser caco novamente. Colou com a cola da angústia que dividimos. Desse mundo perdido. Desse amor perdido que virou um amor encontrado maior do que qualquer amor pretendido. E, no meio dessa valsa que a vida dança, só posso pensar que ter virado farelo tantas vezes só me ajuda a espatifar menos. Mesmo que ainda me canse. Mesmo que ainda me entristeça. Hoje sou um caco grande. Um caco maior que é colado mais facilmente. E um remendo que nem cicatriz vai deixar. Ele me colou. E eu sorri em paz quando a porta de vidro fechou atrás de mim. A porta, de vidro. Eu, de vida.