quarta-feira, 22 de maio de 2013

Vem vida!


quarta-feira, 15 de maio de 2013

O tempo

Sonhei que tinha que pintar na parede o coelho da Alice. Em um apartamento que nunca fui, mas era meu.
Não era só a Alice. Era o coelho. E o relógio. E o tempo que passa. E a vida que muda.
Acordei com medo. Queria uma parede branca. Sempre branca. Parede branca com vista pro mar. Esse sim, autorizado a mudar todo dia. Mas eu sou um pouco de mar também. E areia. E porto. Que nunca para.
E aí ele veio. E eu em crise. E ele em crise. E o mundo girando ao contrário na roda de uma bicicleta. Em crise. E os 30 anos são de 30 crises por dia. E eu só queria uma parede branca.
Mas ele veio falar. Veio como veio em 2000 e me disse que era bom sair da casa da minha mãe. E eu carreguei as panelas serra acima. Veio como veio em 2004. E, numa praça de alimentação de um supermercado da Marginal, disse que eu estava certa em deixar aquele trabalho que eu não gostava. Disse com aqueles olhos de 25 anos. Aquele olhar em que ainda cabia o mundo. E tem cheiro de perfume comprado em Nova York. E gel no cabelo. Veio como veio em 2011 me resgatar da beira do penhasco. E disse: "sai". E eu saí. E agora disse "vai".
E o coelho sussurra: é tarde, é tarde, é muito tarde.
E eu fico pequena e fico grande. Eu giro. Eu danço. Eu choro. Eu não sei.
Só sei que teremos uma saideira. E a vida segue.