terça-feira, 19 de maio de 2009

Tum!

A porta bateu na cara dela. Mas, tão de leve, que ela poderia jurar que só estava encostada. Como das outras vezes. Ela tentou identificar algum movimento embaixo da porta. Tentou ver se sombras se movimentavam lá dentro. Não viu nada.
Como das outras vezes, poderia sentar ali e esperar até que ele abrisse a porta novamente. Ela, mesmo cansada, mesmo triste, faria cara de que acabara de chegar e olharia sorrindo para ele. Ela achava que não havia nenhuma outra saída, senão esperar que a porta se abrisse novamente. Mas, sabe-se lá por que, ela resolveu virar de costas. Com medo. Vá que ele a procurasse pelo olho mágico (de costas, ela não teria como saber)?
Surpresa, viu que tinha uma placa acesa com a palavra Saída escrita em vermelho. Ela precisaria seguir a seta até o fim para descobrir onde iria dar. Seria outra entrada para aquele corpo fechado? Ou seria a entrada de outro corpo? Haveria outro corpo? Ela não sabe. E se a porta corta fogo batesse com o vento e ela nunca mais conseguisse voltar para aquele andar? Voltar para esperar aquela porta se abrir...E se a porta jamais se abrisse novamente?
Ela deu o primeiro passo. Depois o segundo. O terceiro...e parecia tudo mais fácil. Mais leve. Ela foi andando e, quando chegou do lado de fora, viu o céu azul gritando tão alto, que até esqueceu o motivo de tanto tempo esperando. O amor, fechado e perdido num andar cinza, não percebeu ainda. Mas ela não vai voltar mais.

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