terça-feira, 30 de setembro de 2008

Ano 5769

E o Ethan Hawke nunca mais vai perder o vôo. No máximo, será o voo.

domingo, 28 de setembro de 2008

Carta

Querido príncipe encantado,

E aí, tudo bem?
Você sabe que sempre gostei mais da Cinderella. A nega foi corajosa. Faxinou o dia inteiro, mesmo assim, foi para a festa toda linda. Ela te pegou e ainda saiu bem fina - ou seja, príncipe, meu bem, você não comeu a Cindy de primeira, né? Aí, a gente já sabe o resto e blá, blá, blá. Machiiiiiista...
Bom, inspirada na musa com sapatos de cristal - cris-tal! - fui numas festas aí. Muitas. Foi bom e tal - esqueci de ir embora em algumas, mas ok. Carpe diem, dizem...
Só que aí, príncipe, você não estava lá. Do Perequê à Manhattan. Daquelas em que as luzes piscam àquelas onde o piano toca. Em nenhuma delas você deu as caras.
Algumas vezes, me confundi. Pensei que você fosse aquele par de olhos verdes que gosta de reggae - mas nesse caso, posso dizer que não só a carruagem virou abóbora, como perdi o trem para Jaçanã! Teve outro....Hum...E também aquele e hum...aquele que não era aquele...não, ele não...Enfim, sapo eu sei que você não é, né?
Você demorou. E eu estou com uma preguiça danada de continuar chamando a Fada Madrinha para arrumar um vestido novo - os tempos são de recessão, inclusive. E eu não sei o que fazer. Ouvi que a Bela Adormecida vive bem lá no Tibet, como monge budista. Sério, quem aguentaria esperar 100 anos?! O Dalai Lama! E a Branca de Neve está numa comunidade hippie que cultiva alimentos orgânicos. Ela cuida do RP, o príncipe, das finanças, e os anões, da horta, of course. Eles tomam daime uma vez por mês com a Fiona e o Shrek. Herhg! Já a Rapunzel abriu uma clínica de estética em NY e faz muito sucesso com a famosa brazilian wax. A Bela continua chifrando horrores a Fera. Mas ele nem liga - e nem sabe. Dizem também que ele come a Chapéuzinho - apesar dela assumir o lesbianismo, ela ainda sofre com ausência do Lobo-mau e quando a saudade aperta, liga para o Fera e...bom, melhor poupar os detalhes.
E eu, ô encantado do cacete? Até tentei dar uma de Giselle e desembarcar na Times Square. Mas o Patrick Dempsey já estava fazendo outro filme.
E eu estou com preguiça de sair de casa! E falar com as pessoas e procurar por você. Nas fábulas, isso não seria problema. Só que: 1) não tenho uma roca para furar o dedo; 2) minha maçã é do sacolão e não tem veneno; 3) meu cabelo ainda está curto para tranças. Entendeu? Ou você vem com uma placa na cabeça e uma pizza - porque é só com o entregador que eu falo nos fins de semana - ou me manda um telegrama dizendo para eu mudar de história, que você não existe. Ou, melhor, que eu não sou príncesa de ninguém porque fui em outra vida uma torturadora de crianças e poodles num castelo bem escuro da Dinamarca e estou pagando por isso! Aí, posso começar a ler a teoria do Big Bang sobre a possibilidade de criar um universo do NADA!
Ah, meia marguerita, tá? O outro pedaço você escolhe.

Love,
...

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Silêncio

Narizinho meio que virou rainha. E, no novo reino, tem pouco tempo para escrever.

Ela só sorri.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

E para fazer cia. a minha gripe...

..dei play no DVD de O Amor nos Tempos do Cólera.

Por um pouco mais de duas horas eu fui Gabriel Garcia Márquez.

E por toda minha vida, serei Florentino Ariza.

domingo, 14 de setembro de 2008

Pq queria sua cia.

Não é de um grande amor que sinto falta. Nem de alguém que segure minha mão para atravessar a rua - até porque você não é esse cara...Não sinto falta do seu corpo. Nem do sexo - ok, minto, mas fica bonito quando escrito. Sinto falta mesmo é da companhia.

Do café, do jantar, da sua fumaça. Do seu riso zombando de mim. Da sua tagarelice. Dos seus anseios desencontrados. Das suas verdades de impacto. Da sua vida hardcore zen. Da sua ressaca. Da sua carência - minto de novo, mas tudo bem. Do seu olhar quando quer me seduzir. Da minha falsa resistência a ele...De conversar com alguém que me conhece há (quase) 10 anos.

Pq queria sua cia. Não é só uma verdade numa madrugada de quinta-feira. Ou o som de um novo recado chegando na caixa de mensagens do meu celular.

Companhia. É tudo que sinto falta nesse domingo de céu laranja e gripe.

domingo, 7 de setembro de 2008

29

Nasci numa primavera. Não era o que o calendário dizia. Nem a chuva que caia lá fora e molhava o mar. Mas era o que as flores nos cabelos compridos de uma juventude que cantarolava Baby confirmavam. Logo o verão chegou. E fui bailarina no palco nu de Hair. Outonei quando Vedder cantou rouco nos meus ouvidos e o inverno chegou em forma de chuva. Escorri.

Quando novas flores nasceram não era primavera. Já era verão. E, em 1999, durou dois anos. Embriagada do amor maior que um coração pode suportar, fui solar. Dourei as paredes de Jerusalém, esparramei meu pranto em Paris e voltei para buscar você numa ladeira. Entraste em mim e eu, então outra, aceitei o homem que não tinha coração. Outonei novamente. E, nas trevas desse corpo de horror, sequei no inverno mais cruel que já se teve notícia. Descobri escombros de mim mesma. Ganhei cicatrizes. Nas chamas de um cabelo vermelho, vi o inferno. E morri. Sem saber. E nem te contei.

Salvo por alguns veranicos, o céu ficou escuro por cem longos anos. Os dias, secos. A vida, rasa. Fui embora para o décimo primeiro andar. Fui buscar o sonho. Sem poder dizer. Como a princesa que cerzia suéteres de urtiga para salvar os irmãos cisnes, calei e trabalhei. Tudo foi silêncio e aquele sorriso que me deste perdido num dia de tristeza e certeza.

Mas as sementes insistem em brotar. Mesmo no asfalto. A chuva de verão em Manhattan fez nascer a primavera em mim. De novo. A primeira flor era branca e chamava Catalunha. As outras eram de um amor ainda sem nome. E não pararam de nascer. Por todos os cantos, as flores me invadem. Pelos poros. Pelos pensamentos.

Na janela, o vento traz um cheiro quente. De chuva nova. Um cheiro quente de noroeste. E, discretamente, vejo o Destino se despedindo de Saturno. É tempo de verão.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Mau-humor

Faz dez dias que você me comeu e minha inspiração sumiu. Merda.