quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Calmaria

O susto passou. E já comecei a sentir tua falta. E a ficar meiga de novo. E a querer te fazer carinho. Uhm...E a te querer por perto.

E até acho engraçado tuas perguntas sobre o carnaval. Tanta curiosidade. E eu quero mesmo é te levar para ver minha escultura favorita. Porque somos nos dois - e você ainda não sabe.

Beliscão

Eis que de terno dourado, ele te vê. Com um sorriso maior do que o mundo e olhos azuis infantis, ele te abraça. Não só com os braços, as pernas e o corpo todo dele, que é capaz de parar Meatpacking District com uma maratona de gozo interminável, se enroscam em você.

Mas há alguém atrás dele. E o tesão precisa caber todo em um beliscão. Discreto. E seu braço amanhece com um roxo. Ai.

É carnaval no Brasil.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Do Glamurama....

Cinqüentões
29/01 - 21:00 - Tem Bodas de Ouro hoje em Hollywood. O casal de atores Paul Newman e Joanne Woodward comemora 50 anos de união fora e dentro do cinema. O ator - que já foi considerado como uma das 100 estrelas mais sexy do universo pela revista Empire - conheceu Joanne, em 1953, mas os dois somente se casaram quando o galã pediu o divórcio a sua primeira mulher, Jackie Witte. E, desde então, vivem felizes para sempre...

Achei bonito isso. E repito a frase da fotógrafa: "eu acredito que isso aconteça. Com os outros".

Silêncio

Eu queria te ligar para contar os últimos acontecimentos. Mas você mudou, engravidou e "casou" - não necessariamente nesta ordem.

Agora, não tenho ninguém para ligar de madrugada. E isso é mais difícil do que a coisa difícil que eu queria te contar. É como se Vedder ficasse mudo. E surdo.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Cedinho

Era o cheiro da minha adolescência. Dos 16 anos. Cheiro da hora de ir para a aula de física. Sete-horas-da-manhã. Cheiro de mar, do carro que passa acelerando, do peixe. Do uniforme azul. Cheiro frio. E a chuva começou. Tão fraquinha que molhou o chão , mas não vi a água caindo.

E a menina mais bonita da escola agora tem um bebê. Um lindo bebê. Frágil. Que boceja confortável num bercinho todo enfeitado. E ela, além de mais bonita, leva na voz a paz - se é que eu, que só conheço o tormento - posso reconhecer a paz. Mas acho que posso.

E tudo continua bem. Ainda bem.

Estamos todas bem.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Valsa

Acordei com vontade de ir ao Musée Rodin. Para você ver minha escultura favorita de todo o mundo. La Valse, de Camille Claudel. Nós iríamos bem cedo. Neste domingo nublado. Caminhando por uma Paris cinza, iríamos parar e ver os livros antigos nas bancas do Sena. E eu iria comer um crepe de nutella. Com os dedos lambuzados, você seguraria minha mão bem forte. Só para eu saber que sou sua.

Depois de passar por um set de filmagens com o Depardieu, estaríamos em frente ao museu, com frio. Eu te arrastaria pelos salões até minha escultura. Porque é minha. Há tempos. Camille esculpia como as mulheres amam. Um amor arrastado, um amor líquido. Capaz de contornar, se infiltrar. De se adaptar. E afogar. É persistente o amor feminino. E perigoso.

Na frente da pequena escultura, eu sentiria a respiração do casal que dança (e, eu sei, é a mesma que sai de você enquanto seu corpo pesa sobre mim. Uma respiração lenta e quente). Sentiria a força das mãos dele segurando todo o peso de um corpo frágil de bailarina. Sentiria tudo que escorre dos corpos que se amam. Como as formas de Camille. Como Rodin a quis e não quis.

E eu apertaria sua mão. Para saber que você também é meu. Sem nada dizer. E só pensei nisto tudo porque acordei com saudade. E com vontade de te fazer carinho.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Resoluções de Ano Novo - II




Ela vai-e-vem tão lindamente que eu queria ser ela. Mas acho que eu podia mesmo era ser fotógrafa.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Blue

Dentro da garrafa d´água transparente está tudo azul. Os lençóis, o plástico, o pijama Calvin Klein, a luz do Ipod e nós dois somos azuis. E limpos e translúcidos.

Mas o que gosto mesmo é de sentir meus pés sem força, só latejando. E sua mão acarinhando minha coxa. Azul.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

A maior distância entre dois pontos

Acordei em um lindo dia paulistano. Nublado e cinza. Comprei um caramel macchiato no Starbucks feliz e constatei: nenhuma cidade é mais distante da outra do que São Paulo e Rio de Janeiro. Se duvidar, até o fuso horário muda.

Meu humor muda.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Copacabana e o sexo

O gosto agridoce de champagne rose amanhecido na boca a acordou. Ela olhou para o lado e viu um corpo nu e notou que também estava nua. Procurando sua calcinha, viu algumas manchas pelo corpo e sentiu dor nas costas. No seu corpo, um cheiro de homem também amanhecido. O ar parado do quarto tinha odores misturados: suor, álcool, sexo e porra. É. Dera. Muito. Passara a noite trepando. Pela casa inteira, na janela para o vizinho gordo e desempregado ouvir seus gemidos, de cabeça para baixo, no chão. Mas agora não queria pensar nisso. Ela só precisava de um banho.

Abriu com moleza a torneira do chuveiro com aquecimento a gás. Entrou de cabeça e deixou a água escorrer pelo corpo. Ficou alguns minutos assim. O que faria agora? Era cedo. Oito da manhã de um ensolarado domingo de verão. Muito cedo para ela. Saiu do chuveiro e vestiu um biquíni e uma camiseta branca dele. Com estampa de alguma banda de gente que já morreu de tanto cheirar pó. Voltou para pegar os chinelos no quarto e ele resmungou. Ela não entendeu e disse que já voltava. Antes de bater a porta, ouviu um "traz cigarro". Pretensioso. Se fosse o outro, que nos tempos da faculdade a sufocava de Marlboro, vá lá. Mas aquele ali? Ele não vai fumar na casa dela.

Desceu pelas escadas os três andares do edifício art decó onde mora em Copacabana. Ela gosta de construções antigas e sabe que de art decó mesmo sobrou pouco nesses prédios furados de ar-condicionado. Mas tudo bem. Ela gosta de lá. É espaçoso e perto da praia. Se o apartamento ficasse alguns andares acima, talvez tivesse alguns centímetros de mar para ver. Mas tudo bem. Ela gosta de lá.

Na farmácia em frente ao cine Roxy, comprou remédio para dor de cabeça, lavanda Johnson´s e uma caixinha de Band Aid da Hello Kitty. Sem motivo. Não está com nenhum machucado. Mas achou bonito e comprou. Andou mais algumas quadras e chegou ao calçadão. Com uma das pistas da avenida Atlântica fechada, muito mais gente corria, andava de bicicleta ou simplesmente perambulava por ali. E começou a caminhar também. Talvez uma água de coco no Arpoador fosse interessante. E ela foi. Um pouco pela beira d’água para desfilar sua bunda carioca sem celulite. Um pouco pelo calçadão. Passou pelos bombeiros e pelas barracas que vendem peixe. Quando chegou às pedras, subiu até o ponto mais alto. Sentiu o cheiro dele na camiseta e a esticou para sentar em cima.

Ela não sabe quanto tempo ficou ali. Parada. Olhando o mundo. Não sabe o que pensou. Em tudo e em nada. Não resolveu nada. E nem precisava. Não tinha problemas. Só ficou lá. Vendo o tempo passar e o vento ventar .

No caminho de volta, o cheiro forte de xixi das ruas perto de casa a fizeram lembrar a noite passada. Ela até sorriu. Mas sem empolgação. Ah, o verão...Já no elevador, pensou que até poderia se apaixonar num dia desses. Na praia do Leblon, no Bibi Sucos, no restaurante do Fasano em Ipanema, na praça Maria Quitéria. Entre um Cosmopolitan e um açaí. Ela até se apaixonaria de novo. Sorriu. E abriu a porta apressada. Ele precisava pegar as coisas e ir embora. Um beijinho. Até mais. Ela tinha pressa. A vida dela ia começar hoje. Num domingo de verão.

sábado, 12 de janeiro de 2008

O voltar

Vou voltar para casa e saber que nada mudou. Nada aconteceu. Meu cabelo enrolou. E mergulhei na água mais fria do país. Só.

Vou lembrar que você existe - porque até disso esqueci nesses dias de baia de Guanabara, mesmo sem nenhum motivo, e ontem, enquanto tomava banho achei engraçado não lembrar de você. E vou esperar você me chamar. Para a gente se ver. Porque ainda quero. Eu acho.

Tudo vai voltar ao normal. Vou reencontrar minhas tristezas. E faz tempo que não penso em mim mesma. Tudo igual.

Mas agora tenho marca de biquíni.

Vitamina D

É de sol que eu preciso. Em doses homeopáticas. Como o exercício físico - uma hora por dia. Todo dia. Para deixar-me viva.

Só isso.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Humor

Ah, o humor. Tão bom os homens que sabem fazer uma mulher rir...

E combina tanto com a tal da praia de Ipanema...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Devaneios na sala em que ainda não fiquei nua

Poderia dizer muitas frases novas - porque estou cheia de palavras bonitas por essas horas. Mas vou ficar com um conceito clássico. A cidade é maravilhosa. Ponto.

Ele beijou minha boca e segurou minha mão como se eu ainda fosse virgem. Imaginei ao entardecer. E ela me disse: eu acredito que isso aconteça com os outros. Gargalhamos cúmplices.

Eu olho para os prédios com suas coberturas quadriplex e penso nele. Olho para o bondinho do Pão de Açúcar e penso nele. Ele me manda um e-mail e eu digo que só vou ligar amanhã. Estou muito ocupada. E fico doce e sorrindo em silêncio o resto do dia.