sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Quando me faltam palavras

Eu queria escrever um texto bonito. Um texto de amor. Mas sem falar dele. Queria reunir palavras em perfeitas orações. Ter frases de efeito. Um texto para mudar a vida de quem o lesse. Com metáforas e comparações. Sem hipérboles. Com uma ou outra mensagem subliminar. Minha identidade nas entrelinhas. Queria escrever sem transpirar. Sem dor. Sem fingir. Sem exclamações. Mas hoje sou só aflição. Angústia. As palavras me fogem como a areia que afunda sob meus pés quando a onda recua no mar. Tenho medo. De muita coisa. Mas hoje ouvi de novo: "você, chorando? até parece". As pessoas não sabem. Eu me tranco. Guardo para mim. Só minhas paredes - ora mofadas, ora azuis - escutam meu lamurio. Minha ladainha. Colo adesivos de margaridas por onde passo. Para deixar tudo mais leve. E não adianta. As flores transformam-se em rochas vulcânicas. E eu não sei. Não sei de nada. E os dias passam. E no Arpoador o sol se põe. Eu não vejo.

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