sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

O fio da vida

Silêncio. Só uns poucos sons do dedilhar nos teclados. O ar falta. E o telefone, no meio da mesa entre seis computadores, toca estridente. Os pensamentos aterrissam. Voltam ao foco. É tênue o limite entre o bem-viver e o eterno lamento. Ele só foi subir na árvore da casa da praia para pegar frutas. E a escada era frágil. Eles só voltaram para o Brasil porque na Alemanha não tinha tantas árvores. Nem casa de praia. Ela só foi ao show de rock com as amigas adolescentes para ver o oco. Mas o espaço entre as paredes do clube era pouco. Não cabia todo mundo. O oco não existe. As sete meninas só estavam voltando para casa. Provavelmente cantando e gritando o nome de seus amores pela estrada. Na contramão. Ele só entrou na piscina para comemorar a faculdade nova. Mas não sabia nadar. E o outro entrou de capuz na sala de aula com uma escopeta só porque era infeliz.

Como num filme de Iñárritu, tudo se desmancha. Vira pó. Vira nada. E o telefone toca. O cão late longe. Um casal se apaixona. Uma criança morre. E as pessoas calam. E o fio se embaraça. E parte. Como a medula.

Nenhum comentário: