sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Segue o seco

Parece O Quinze, da Rachel de Queiroz. Não chove há tempos por essas terras. O solo está seco. O ar irrespirável. A vista embaçada. A tinta da parede trincada. Tudo misturado no ar. O vácuo preenchido por resíduos. Horizonte borrado, turvo. Dentro de mim, o Negev. Beleza seca. Nascer do sol dourado e vazio. Pele áspera. Tempo que passa. Pessoas que morrem. Pés e cotovelos sofrendo. Hidratantes e garrafas d’água se esvaziando. Cabelo seco. Bacias de água pelo chão. Nada flui. Seco, como o sangue de um corte de outros tempos. Aridez sem formas de Niemeyer. Garganta em silêncio. Seca. Nunca estive tão sozinha.

Nenhum comentário: