sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Higienópolis

Aqui muita gente tem cachorro. E eles saem para passear quase todo dia. De roupinhas, sapatinhos ou apenas uma boa coleira. As donas costumam grasnar "ele (a) só gosta de ração importada, se não for boa, nem chega perto". Se não é assim que dizem, é parecido. Semana passada, vi um porco. Não era o Pitt, que mora nos Jardins, não. Esse é outro. Não sei o nome. Menor e mais rosa. De chapéu e coleira. Perto de casa tem um shopping. De rico, imagina-se. E tem um mendigo que fica na Veiga Filho. Ele também tem um cachorro, como é regra no bairro. Mas esse vive melhor, come da mesma comida do dono. E dorme ao seu lado todos os dias.
Também tem freiras que cultivam rosas num colégio e minha rua já abrigou o must do underground nos anos 90. Rabinos rezam em sinagogas trancadas e monitoradas. É um bairro de celebridades. Muitos moram por aqui, mas nunca vi ninguém. Aqui venta. E minha janela avisa sempre que o vento muda de lado e traz com ele uma frente fria. Hoje tinha um motoboy estirado na avenida Angélica e algumas pessoas olhavam, outras pareciam esperar o socorro médico. Aquela luta pela vida – e não estou falando da luta contra a morte, mas sim daquela, do garoto que subiu numa moto no feriado porque, provavelmente, ganha por hora e, provavelmente, tem contas a pagar – fez minha garganta travar. Luta danada esta.

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