terça-feira, 25 de março de 2008

Metamorfose

...e foi na solidão de um travesti que entendi e me fiz forte mais uma vez. Para continuar. Ali, de longos cabelos encaracolados, pele muito branca, frágil como crème brûlée, ela segurou minha mão. E eu não evitei. Simplesmente porque sei que aos 24 anos são tantas as dúvidas flutuando entre as certezas, que é melhor garantir apoio. E o apoio fui eu. Segurei firme a mão dela enquanto New Order enchia de otimismo oitentista as paredes suadas de um clube no centro de São Paulo.

A solidão dela é maior do que a minha. E sempre será assim. Ela está sozinha dentro dela. A voz não encontra o timbre. O cérebro não encontra a buceta e o pênis não encontra a libido. Os opostos se suportam - e se repelem - num mesmo corpo. Triste.

Foi a tristeza dela que me devolveu a alegria.

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