sexta-feira, 6 de junho de 2008

Quando o sol apagou

Eu senti o ar faltar no sol. E chorei ao escurecer. Sozinha, em casa. Aquela mulher me pareceu pequena. Quase do meu tamanho. Frágil. De lenço no pescoço e sapatilha Chanel. Logo ela, uma explosão. Não bebeu, nem fumou. Mulheres solares infecundas viram neblina com o passar do tempo. Turvam. E apagam. Se eu parisse, nasceria apenas desilusão. Mas essa mulher é capaz de dar a luz à felicidade. E nem gera.

Queria reclamar com o homem que combina com cachimbos e compartilha uma aliança com ela. Duas mãos esquerdas. Queria obrigá-lo a acendê-la. Mas ele parece só entender de cinzas. Não fala comigo. E a mandou embora. Fechou a porta. Mas ela quis ficar. E ficou. E os dois se arrastam em meio a outros infelizes forjando alegria de pasta de dente.

Chorei porque não vejo solução. E sinto uma certa falta do cheiro de milho verde misturado à brisa da primavera que tudo leva da alma. Senti saudades da adolescência que tudo faz ser possível. E me calei.

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