quarta-feira, 25 de junho de 2008

A ilha

Lá está o amor. Incondicional, como disse o padre. Mas não é tão fácil encontrá-lo. O amor se repartiu em um buquê de flores para quatro meninas. A primeira quis o mundo e foi embora. Uma saiu descalça da mansão do imperador e caiu nos braços do homem. Outra se vestiu de branco e foi cuidar de crianças. E a última ficou lá. É ela que alimenta o fogo do amor. Cuida para que a casa fique sempre aquecida. Braços maternos que fazem brigadeiro e dirigem até a escola e afagam o corpo embriagado.

De tempos em tempos, elas se reúnem. Cada pedaço de amor se junta ao outro como mercúrio. O tempo gira rápido. Pára. Espera por elas. Suspenso no ar. Elas aproveitam cercadas de magia. Envoltas no calor do aconchego. Relaxam. Ali, no círculo, não têm nomes. São só sílabas. Cada uma do seu jeito. Sem precisar mudar. Sem se armar. Elas bebem, pulam, gritam, cantam, choram, se abraçam e se declaram.

Quem vê a ilha de longe, com seus prédios tortos, não imagina. Mas lá ela é feliz.

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