sábado, 17 de novembro de 2007

Sábados de primavera

Houve um tempo em que os sábados eram só dias felizes.

Era assim: eu esperava minha amiga Li ligar para confirmar o horário que passaria em casa. 21h ou 21h30. Tomava banho - muitas vezes ainda bêbada da noite anterior. Cantarolava uma música do filme "O casamento do meu melhor amigo" porque eu achava que essa música me dava sorte. Vestia uma saia preta. A mais curta. Colocava um top. A marca do biquíni escorria pela minha nuca e era estrategicamente coberta pela alcinha da blusa. Ou não. Delícia. Passava meu perfume Allure - que também me dava sorte - nos pulsos, entre os seios e na nuca. E ia para varanda esperar o carro que chegava buzinando e sem querer chamava a atenção dos vizinhos entre 26 e 30 anos. Inocência?

Nunca perdi a viagem. Nunca fiquei totalmente lúcida. Nunca fui tão apaixonada. Nunca tive tanta coragem. Nunca quis parar o tempo. Devia.

Não é por nada. Talvez um pouquinho de melancolia, mas é que lembrei desses sábados. E fiquei com saudades das minhas amigas que não cheiravam cocaína.

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