terça-feira, 27 de novembro de 2007

Devora-me

Vou te devorar como um primata destroçava a costela de um mamute. Cada pedacinho de carne arrancado com meus caninos. Cada osso roído e lambido mil vezes até nada sobrar. Só osso. O teu sangue escorrerá quente entre meus dedos. Seus restos serão triturados pelos meus dentes. Você totalmente entregue a meu prazer. Em pedaços. Eu, em êxtase. No céu, só a lua. Na terra, roedores e répteis virão para assistir ao meu banquete.

Até meus olhos amarelos de tesão cruzarem com os seus. Até meu corpo já saciado, mas ainda excitado, se espelhar nas suas pupilas. E eu me vejo refletida. E tremo. Vejo meu desejo no seu olhar. Vejo minha fome. Vejo meu corpo frágil manchado do seu sangue. E, sem palavra alguma, quem me devora é você.

Um comentário:

Maria José F. Goldschmidt disse...

No começo do mundo um homem e uma mulher. Só para você saber, eu tenho um texto (longo)chamado "Devora-me,lua!" Viva o amor! Os olhos do amado sempre nos devoram. Não é fácil viver a intensidade. Não tenho a receita da normalidade (nem sei o que é isso, apesar de ser psicóloga), mas sei que o agora e já é o que valem e que nos deixa felizes para sempre.