domingo, 11 de maio de 2008

Bola de cristal

Eles pensam que não, mas eu já sei de tudo. Vai parecer que foi sem querer. Só impulsos, maconha e uma semana de moda qualquer. Mas eu já sei de tudo. Na cidade do morro dos dois irmãos, ela vai em direção a ele que há muito perdeu o respeito por mim - ou jamais teve. Mas ainda me faz promessas e insinuações que não pretente realizar.
Inconsequentemente vão se servir. Um do outro. Um sexo triste e vazio. Talvez até gozem na ignorância dos corpos que não desconfiam - ou não aprenderam - que a lealdade é mais importante que a fidelidade. Eu já sei de tudo.
Eu vou me cerrar no quarto ao som do mar de Copacabana. Vou vomitar. Sofrer. Chorar até perder a respiração e o diafragma contorcer de tristeza. Vou dormir exausta. Como tantas vezes já fiz. Até em Avaré.
No dia seguinte não me verão no café da manhã. Sairei cedo e andarei apressada na areia. Meus óculos escuros vão esconder minhas lágrimas das personagens do Manoel Carlos que passeiam por ali. Do ponto mais alto do Arpoador vou me reinventar. Redesenhar minha vida. Sofrer mais um pouco. Desejar que morram sufocados por essa libido que não tem fim. E vou mergulhar no mar. Eu já sei de tudo.
O sal acordará o que há de cruel em mim. E, aos poucos, com delicadeza, vou esmagar um por um. E até sei como. Porque eu já sei de tudo.

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