terça-feira, 22 de abril de 2008

O que me diz o envelope dourado

Há ainda quem viva de sonhos. E eu, em meio a meus pesadelos, esqueci. Mas ela não. Ela vai subir ao altar da igreja que tem a via sacra em azulejos portugueses brancos e azuis. Vai dizer sim a quem um dia disse não depois de uma conta paga. Cavaleiro. Ela, selvagem. Quase louca. Abriu a porta e saiu com o carro em movimento. Mas a roda da vida gira. Sem freios. E ela tem coragem para dizer sim. Bom, o que é um sim no altar perante um carro em movimento? Rien.
De branco, na profissão e no pessoal, é só uma vida. Feliz. Sem arroubos. Ela quer voltar para a cidade dos canais. Ele quer mais. E se equilibram. Ela fogo. Ele terra. Ela cuidando de crianças. Ele, dos mais velhos.
Por ela, não vou ver desfile nenhum. Nem viajar antes do grande dia. Ficarei aqui. Preocupada com chás, panelas e fraldas - porque tem a criança que vai nascer no mesmo dia do casório. E nem sabe ainda. Vou com um vestido bem bonito. Com maquiagem discreta. E esmalte clarinho. Vou chorar durante a marcha nupcial e não poderei olhar para nenhuma das outras cinco dancing queens. Não preciso. Chegamos. Cada uma ao seu destino. Com filho no colo, o porto seguro de todas, tatuada por seu amor na virilha. Eu e a noiva. Elas que me resgatam desde os quatorze anos das minhas dores. E rimos. E andamos abraçadas e saltitantes depois de algumas cervejas. E tiramos fotos. Ela vai para a Disney na lua de mel porque é seu sonho. Um sonho simples. Um belo sonho.

E eu vou só brindar a vida. À nossa! E aos sonhos.

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