quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Para você que tinha um carro azul e um morcego branco

Passei os últimos meses esperando você voltar. Retornar da cidade que quando fui, esqueci de você. E lembrei a todo segundo. Você finalmente chegou, mas eu nem sei. Perdida nos meus devaneios de ontem à noite, descobri um impulso verborrágico dentro de mim e preciso te dizer. Ou pelo menos, escrever. Mesmo que você não leia. Mesmo que você não se importe. Tudo bem. Eu preciso dizer. E nem tenho certeza se ainda sei ser só sincera, só emoção. Não tenho mais 19 anos.
Eu gosto de você. É simples. Um amor que acostumei a amar sem tocar. Um amor maior do que a realidade. Um amor que continuaria vivo mesmo se você aparecesse na minha frente com duas tetas de silicone dizendo que agora seria trava. Eu ainda te amaria.
Hoje, já não te acho mais tão bonito. Nem o mais inteligente, nem o mais instigante. Hoje, você é você. E eu amo. Mesmo quando é frágil, influenciável, comum, desinteressante até. Mas amo-te assim. Confuso e decidido ao mesmo tempo. Distante e próximo. Capaz de me seduzir com uma piscadela. Um olhar, um jeito de tragar o Marlboro diferente. Um jeito de pedir um Trident verdinho.
Não. Você não é como os outros para mim. Seria melhor se o que eu sentisse agora fosse só um engano. Efeito colateral de uma noite regada a vinho em copo de requeijão e filme francês. Mas não é. Piegas, ou não, para mim, é diferente. Não planejo gemidos, não penso nos toques. Sou só eu. Você. E minha pele. Não sei o que é isso. Mas não é igual. Aos outros.
Então, ficamos assim: meu brinco, pode jogar fora. Eu vou levando minha vida. Continuarei com vontade de dividir cada novo projeto com você - e às vezes vou te mandar um e-mail - mas é só. Não vamos nos ver. Você vai continuar me chamando no msn, mas prometo que não vou achar que sou importante - de alguma forma - para você. Não vou confundir as coisas. Não vou nem pensar. Porque quando penso que te amo, penso fundo. E dói. Mesmo quando é bom.

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