segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Para não dizer que não falei de lá

As pedras guardam as memórias de dias não muito felizes. Pisei naquele chão ensanguentado de escravos enquanto procurava a razão e a solução para minha dor. Lembro que as encontrei no pôr-do-sol rosa que invade o céu e a alma no alto da Baia de Todos os Santos.

Anos depois, fui recebida pelo sorriso do vento doce. Cheiro de dendê. Abracei sincera o Destino que veio encarnado numa negra de mãos quentes. Banhada de cravo e canela, percebi que não eram os mesmos pés que subiam e desciam aquelas ladeiras. Era outra. Eu, de hoje. Invadida de sol. E feliz.

As pedras, o calor, o sofrimento de outros povos, a orgia dos trópicos, os odores. Salvaram-me de mim.

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