domingo, 12 de outubro de 2008

São Paulo

Enquanto Vedder canta num show de 2000, a lua cheia grita no alto do céu. E mesmo quando está tudo bem, tenho vontade de parar. Aqui, na rua, em cima do ESCOLA escrito no asfalto. Parar. Abrir os braços e deixar o carro me acertar. Espatifar meus miolos. Acabar na velocidade e balanço do vento que sopra um tempo que promete esquentar. Finalmente. Given to fly, ele canta rouco.
Deste lado de cá, a cidade é mais São Paulo. O lugar dos órfãos, das putas, do abandono, do câncer. Do lado de cá, nada de ruas tranquilas e casas de classe média. Nada de 13° salário. Direitos trabalhistas e férias. Só vejo flashes e plumas. Cores que pintam de alegre a tristeza de quem não tem ninguém. Do lado de cá, estão os meninos que se escondiam no banheiro na hora do recreio porque se sabiam diferentes. Travestis e travestidos de sucesso. É aqui que eu respiro a leveza de ser e não ser um sobrenome com duas vogais. Orfã como os filhos de Auschwitz.

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