terça-feira, 15 de julho de 2008

Finlandia, Op.26, n°7 by Sibelius

Perdi seus passos pelas curvas do Central Park. Entre um lago e outro, um flerte. Entre um olhar e outro, um toque. Leve. Europeus são um pouco diferentes. Só um pouco. Ainda bem. A lua encontrou minha nuca e ultrapassou as copas das árvores para iluminar um céu de verão sem estrelas. Eu procurei por você. Perdido em alguma avenida. Talvez entre a Madison e a 6th. Talvez na Angélica. Distraída com palavras que não conheço e com a arquitetura de Frank Gehry, não notei quando partiu. Procurei por ti no piano vermelho que tocava Tchaikovsky. Nada. Meu braço roçou o dele. Enrubesci. E nem sinal de você em mim. Tentei te achar nas mãos ágeis do maestro que regia uma sinfonia de Beethoven. A quarta. Mas não foi lá que nos desencontramos. A 4th avenida não existe.

Foi então que o maestro chinês guiou meus passos pela partitura de Sibelius. Ao primeiro acorde, respirei a música. E expirei saudades. A brisa trouxe seu cheiro. E lembrei do seu jeito de sorrir. Em cada nota, meu corpo encontrou o seu. Enrosquei-me na fantasia de me dissolver em seus braços. Sentir sua pele entre as unhas. E a música foi ganhando mais vigor. Misturar-me ao seu sangue. Azul. Como os lençóis, a garrafa d’água e a luz do Ipod. Meu coração pediu afago. Meus olhos derramaram ternura. O maestro tremeu no palco. E desejei seu sexo. Oito minutos. E tudo voltou ao normal. Você guardado tão puramente dentro de mim que descobri ser impossível te perder. Mesmo quando quero ser de outro.

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