segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Árvore juglandácea que dá a noz

As paredes se esfarelam. Desfazem-se como o tecido endometrial que se desmancha e escorre do meu útero. O vento da idade que corre foi tão forte que destruiu a cozinha, a copa de azulejos azuis e o quintal. Levou embora a firmeza das mãos e a nitidez do olhar. Já não se faz mais doce. Nem de mamão, nem de leite fervido numa lata. Os sabores ficaram pedidos no tempo. Uma maçã azeda que só sabia adoçar minha vida. No bailar do tempo que passa, eu seco. Eu inverno. E o casal que dança valsa vende a casa. Eles vão embora do castelo e eu, princesa de ninguém, fico órfã de novo. Mas agora é de um lugar.

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