sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Fronteiras

Os tempos são de angústia. Angústia que paira sobre as ondas. A modernidade facilitou o trânsito e a comunicação entre os territórios, mas aumentou as dores humanas. É mais difícil ser próximo. Mais tenso. Estamos em contato constante via parafernálias eletrônicas, mas não nos tocamos. As mãos se encostam e rapidamente se retraem. Fogem. Eu fujo. Os olhares se cruzam. Eu coro. Os corpos se misturam e se despedem. Outra fuga. Sinto a coxa quente dele encostada a minha. Quero mais. Mas fujo. Ele está longe. E não corro para pegá-lo. Quero que fique longe. E sinto saudades de quando estava perto. Não sou só eu. Aviões, fronteiras, América e Europa. Outra cidade. Mulheres perdidas entre as construções. Atormentadas longe do amor. Amor que pertence a elas. Mesmo que eles sejam de outras. O amor está sobre nossas cabeças e não o alcançamos. Está misturado a poeira e a poluição do efeito estufa. Sufoca o mar. Impede a brisa. Estanca meu sentir. Não sinto nada, como diz uma música por aí. Nem dor, nem amor. Sinto possibilidades. Me perco em sonhos e pessoas que não existem. Imagino. Mas não sinto. E talvez nem queira sentir mais nada.

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