quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Virgem, 18.12

Você está mais sensível hoje, preocupações assomam, mal estares se tornam agudos, seu limite parece menor e o peso da idade se faz sentir. Contraponha autoconfiança e fé a esse astral ruim. Você tem condições de superar um desafio se souber se organizar e driblar a falta de tempo.

Danos

"Cada crime, além dos danos quantificáveis que produz, também destrói aos poucos a confiança que permite que haja comunidade. O assalto na esquina nos rouba a todos a confiança necessária para passear na rua numa noite de verão ou para manter os vidros do carro abertos e conversar com a criança que vende chicletes no farol."

Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro 2008.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Gaveteiro


Tiraram de mim uma gaveta. Nela, viviam adormecidas uma lembrança dos 15, outra dos 18. Um cheiro. Um carinho. Minha memória.

A chave chamada segurança se perdeu no alto do 11° andar. E, agora, eu só queria voltar para o ovo. Quente, tranquilo e seguro.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Epifania

Daqui 10 anos, quando eu lembrar desse dia amargo, o que virá a minha mente será tão doce como a menina que pula e grita e pula e grita e pula e grita na minha cama como se fosse domingo. E isso é bom.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Táxi, 23h47

Rua Frei Caneca: três pessoas entram num táxi depois de 13 horas e muitos minutos de trabalho. O taxista quase passa reto pela primeira rua que deveria entrar. Reclama ofendido com o homem que está sentado no banco da frente. São três pessoas no total. Uma menina e dois meninos.
A viagem continua. Itambé, esquina com Piauí. Ela diz: "Agora o senhor desce a rua Dona Veridiana, ok? Quando chegar na esquina com a General Jardim, o senhor pode parar um pouquinho, por favor?". Era o destino dos dois rapazes. Ela seguiria por mais dois quarteirões.
Frente do Pão de Açúcar, onde a avenida Higienópolis e a Maria Antônia se misturam. Ele tem duas saídas: fazer o que a menina disse e errar a rua. Ele erra a rua. Ela reclama. Ele diz que é para todo mundo descer, que não vai mais levar ninguém. Porque os três estão nervosos (!!!). Ele aumenta o tom de voz. Eles não. Ela só diz que então não vai pagar. Todos saem do carro. Ele continua reclamando. As portas fecham. Ele continua reclamando. A última frase comprensível do verme: "Vira homem, viado!". O filho da puta vai embora. Os três dão risada.

Vermes....Vermes não deviam falar. Vermes não deviam existir. Ou talvez devessem. Só para a gente não esquecer o quão idiota um ser humano pode ser. Só para a gente não esquecer o quão imbecil é se preocupar com o que o outro faz da vida. Só para a gente não esquecer que falta muito, muito mesmo, para o mundo ser um lugar decente. Para não esquecer que não adianta a minha mãe ter amigos gays e negros e isso sempre ter sido a coisa mais normal do mundo - por que não seria? Não adianta declaração dos direitos humanos, nem lei, nem um monte de gente pelada no Hair. O mundo é cheio de merda. De gente de merda! Assassinos, estampacadores, covardes, preconceituosos. Quando olho para a estrelinha que brilha em cima da minha janela, desejo do fundo do meu coração que vocês todos sejam currados com tanta força, mas com tanta força, que vocês vão é gostar. E vão pedir para serem fodidos o tempo inteiro. Vão sonhar com isso, vão babar no travesseiro enlouquecidos pela solidão de um cú que não é comido. Mas não haverá nenhuma trava para comer vocês. Elas estarão lindas cuidando dos peitos de silicone. Nenhum viado vai querer vocês - eles são homens e vocês, vermes. É incompatível. Vocês, covardes, ficarão urrando pela eternidade. Bando de filho da puta. Virem homens vocês! E vão se fuder.

Pronto. Falei.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A menina de vidro não quer mais brincar

Contos de Fadas para a Criança Sabedoria - V

A menina de vidro só se apaixonou uma vez. Ela tinha 19 anos. Não sabia muito da vida, a menina. Mas reconheceu o amor mais puro do mundo no menino azul. Apaixonada, a menina voou. Sorriu pelas bancas de frutas coloridas e perfumadas a beira da praia. Transparente - ou invisível? - (per)seguiu o menino azul pelas galáxias.
A menina de vidro tentou guardar o menino azul dentro dela. Mas ele era feito de ar e escapava. Ela insistia. Ele corria. Às vezes, ele vinha em brisa e se enrolava nos cabelos da menina. Ela tilintava. E subia aos céus. Mas a tormenta sempre chegava e lá se ia o menino azul. E a menina de vidro caía lá de cima das nuvens. Sozinha. Quebrava no chão amarelo. Seus cacos se espalhavam pelas ruas. Os prédios, refletidos no vidro no corpo da menina, entortavam. E a enxurrada levava a menina para longe do menino. Azul. Aos poucos, ela se colava. Ia juntando cada pedacinho e colando com esperança. De um dia tudo passar, de um dia ele entender, de um dia ser amada também.
Mas não passou. A menina de vidro percebeu que não adiantava. Que o menino azul era mais de fumaça do que de ar. E que ela já tinha gastado todo seu estoque de cola para juntar os pequenos cacos. Ela não podia mais arriscar. Nada de procurar meninos de prata, meninos de barro, meninos de pena. Ela não podia mais arriscar. Mais um tombo, um tropeço, e tudo iria virar pó. A menina de vidro tentou por 10 anos que o menino azul gostasse dela. E não conseguiu. Então, a menina decidiu ser garrafa para ser lançada ao mar. Ou ser lâmpada para apagar. Ela só não queria mais brincar com o menino azul.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Ed Vedder, please, save me!

Once divided...nothing left to subtract...
Some words when spoken...can't be taken back...
Walks on his own...with thoughts he can't help thinking...
Futures above...but in the past hes slow and sinking...
Caught a bolt a lightnin...cursed the day he let it go...
Nothingman...
Isn't it something?
Nothingman...
She once believed...in every story he had to tell...
One day she stiffened...took the other side...
Empty stares...from each corner of a shared prison cell...
One just escapes...ones left inside the well...
And he who forgets...will be destined to remember...oh...oh...oh...
Nothingman...
Isn't it something?
Nothingman...
Oh, she don't want him...
Oh, she wont feed him...after hes flown away...
Oh, into the sun...ah, into the sun...
Burn...burn...
Nothingman...
Isn't it something?
Nothingman...Nothingman...
Coulda been something...
Nothingman...Oh...ohh...ohh...