Então é assim. As frutas em calda vão acabando no pote. Hermés diminui a velocidade do voo e eu vou pousando meus pés no chão. Daqueles corpos que se apoiaram mutuamente em solo portenho, vejo pouco daqui. Da terra firme. Sei pouco também dos beijos em uma São Paulo de janeiro. Um rodopio de carnaval como as baianas na quadra da Império da Casa Verde. E do frio da primavera em Berlim, sinto falta das panquecas.
Ela precisava de mágica em dezembro. Um dezembro vestido de setembro. E ganhou fogos de artifício no céu e um grego na cama. E um sopro de felicidade na alma. Despejou lágrimas sinceras nos braços de uma saudade no parque, entre tendências de inverno. E matou a fome do corpo cruzando o oceano. E pronto. Agora pode andar sozinha.
Há algo de triste em tudo isso. Mas acho que há mais alegria. E é isso que vai ficar tatuado dentro de mim. Dividindo espaço com as cicatrizes. Essas sim, terríveis.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
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