Ele chegou fazendo barulho. E se apresentou enquanto eu dormia. Disse palavras que eu queria ouvir e me fez responder às perguntas mais difíceis do mundo. Em compensação, acarinhou minha cabeça depois de um dia chato de trabalho e me pediu um sorriso. Eu respondi com um rosto lavado de lágrimas escondidas pela água do chuveiro. Ele não viu, mas sentiu e continuou me pedindo um sorriso.
Ele, que veio do país que criou o mundo, aquele que Atlas carrega nos ombros, me olhou com os olhos negros mais escuros que os meus. Viu entre o vão dos meus seios. Aquele espaço que dói. E, sem pedir licença, o encheu de fogos de artifício, flores e frutas misturadas no liquidificador. Ele, que às vezes é menino, às vezes um leão, me faz, hoje, uma falta danada. E eu não tenho mais para quem dar as mãos quando for até a padaria.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
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